Deep Water é a estreia de 18 de março da Amazon Prime e conta com Ben Affleck e Ana de Armas num filme que se intitula de thriller erótico e que é adaptado do livro homónimo de Patricia Highsmith.
Mas bom, é certo que posso começar esta crítica por dizer que de thriller e de erótico não tem nada. É estranho dizer isto mas é a mais pura das verdades e custa-me dizê-lo porque já vimos Adrian Lyne a fazer filmes como o Indecent Proposal (1993) ou Fatal Attraction (1987).
Resumindo, seguimos a vida de Vic e Melinda, um casal em que Vic para evitar o divórcio, permite que a mulher tenha casos mas ele torna-se o principal suspeito no desaparecimento dos amantes dela.
Vou já começar pelo que gostei no filme que foi, efetivamente, as representações de Ana de Armas e Ben Affleck. Ana está lindíssima no filme e traz-nos aqui uma femme fatale que na verdade acaba por ser só isso, porque não sabemos muito do passado dela nem porque razão é que continua a estar neste casamento.
Já Affleck, entrega-nos uma representação ao nível de Gone Girl, com um lado mais misterioso que mascara os sentimentos de raiva que tem por se colocar nesta situação ao ver a mulher a flertar com outros. Os dois juntos acabam por não ter muita química, o que até acaba por ser bom para o filme, porque comportam-se como um casal que só está casado pelas cirscunstãncias, embora digam que se amam um ao outro mas que a paixão já se foi há muito (excepto em alguns momentos). O que até é estranho, porque tendo em conta que são ex-namorados na vida real.
Tirando as tentativas de mistério que o filme tentava dar-nos como percebermos se Vic é efetivamente culpado do que o acusam, vamos vendo-o a ser um pai exemplar, um marido que acata com os flirts da mulher e que toma conta dos seus caracóis. Mas depressa, o filme revela a verdade e ficamos só com drama e mais drama e momentos pouco entusiasmantes sendo que nunca temos verdadeiramente um clímax. O ciclo repete-se e sinto que se o filme não tivesse de acabar, repetia-se infinitamente porque Melinda arranjaria sempre maneira de levar mais alguém para casa, como seu amigo, e ele acabaria por fazer o que sempre fez. Por isso mesmo, de thriller pouco teve e duvido que a sensualidade de Melinda e as duas cenas mais steamy deles como casal contem para catalogar este filme como erótico.
O pior é que sinto e sei que o filme tinha potencial para fazer as coisas de outra maneira. Se realmente houvesse um contexto e fosse uma repetição mais bem pensada, o filme tinha tudo para ser interessante, porque até o vi sem problema nenhum no início, até perceber que não ia passar daquilo. É pena que o argumento tenha falhado para com estes dois atores, que até interpretaram os seus papéis da melhor forma possível.
E mais do que com estes dois atores, com o restante elenco! Temos Jacob Elordi (Euphoria), Tracy Letts (Homeland, The Sinner), Lil Rel Howery (Get Out), Finn Wittrock (American Horror Story), entre outros com um potencial enorme e um pouco mal aproveitados.
Contudo, acho que a ligação do início ao final está bem feita e acho que a partir daí é que ia começar a ficar realmente bom quando os crimes começassem a ganhar respostas mas parece que não vamos ter isso e, provavelmente, só o livro nos dará essas respostas (sem certezas porque não o li).
O filme tem quase duas horas que me pareceram bem mais, honestamente. Até vos posso dizer para espreitarem na boa onda do zapping mas fiquei muito desiludida porque queria muito ver o que ia sair daqui e não foi tão entusiasmante como achei que ia ser.