Numa altura em que o tema da inteligência artificial é tão predominante, surge a adaptação do manga Astroboy, de 2003, de Osamu Tezuca em colaboração com Takashi Nagasaki.
Osamu Tezuka é também o criador do aclamado mangá em animé Monster uma das maiores obras de suspense e mistério para a cultura pop japonesa. É mais uma aposta ardilosa da Netflix na adaptação de uma aclamada obra a uma versão de animação.
Se Blade Runner, True Dectetive e Cyberpunk Edge Runners pudessem ter um filho possivelmente ele seria esta versão de Pluto. Esta história é um mistério/suspense que cruza os limites de inteligência artificial que o que é ser humano com o que é a humanidade e com a ideia controversa de se um robô ou uma máquina pode sentir como sente um humano.
O character development é brilhante e a animação extremamente competente devolvendo uma dinâmica e ritmo necessária a um suspense que parece não ter forma de ser desvendado.
O principal tema abordado é o da guerra e todas as cicatrizes que ela deixa na humanidade.
Num cenário futurista onde as guerras são militarmente travadas entre robôs acompanhamos o percurso de um robô especializado em analisar cenas de crime que começa a colecionar cenas de crime aparentemente sem ligação mas que foram um puzzle bizarro e assustador do que pode ser a utilização da inteligência artificial por homens e líderes sem escrúpulos violentos com raiva e vontade de vingança.
É neste cenário de pós-guerra e de cobrança que a inteligência artificial, através de robôs, serve como mediador e diplomata e principalmente protetor de uma ideia de humanidade que é definida pelos humanos mas exclusivamente aplicada pelos robôs.
O ritmo não é frenético e não são prometidas explosões fantásticas, nem armas supersónicas. É nos devolvido empatia e tentativa de compreensão, é nos devolvida evolução e aprendizagem, e por fim, é nos devolvida uma mensagem que tem vindo a ser repetida vezes e vezes sem conta mas que parece nunca ter sido interiorizada: “Vingança apenas gerará mais vingança, Violência apenas gerará mais Violência.
Esta minissérie está disponível na Netflix conta com 8 episódios de sensivelmente 1 hora cada.