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Random Takes: Top 10 Director’s Cut

by João Borrega

Para todos os que estão a ler este artigo, metam a mão no ar se já se sentiram desiludidos com um filme que viram? E quantos já pensaram que se calhar havia mais do filme do que aquilo que ficou no produto final?

Seja por ordem da distribuidora ou por mero ato artístico, todos os filmes recebem o seu tratamento na edição, sendo que muito deste trabalho é retirar momentos desnecessários à narrativa. 

Porém, em certas alturas, o produto final é demasiado trimado e perde grande parte da essência ou da lógica do filme, deixando para o público um produto inacabado ou pouco desenvolvido estruturalmente. 

É aqui que, mais tarde, entram os Director’s Cut – versões do filme mais extensas e que obtêm todo o material que o realizador considera necessário para melhorar o filme e/ou conseguir espelhar melhor a sua visão. 

Sendo assim, quais são as versões Director’s Cut que mais se destacam positivamente? Quais as que, realmente, são um passo à frente da versão original? Com estas perguntas em mente, decidi fazer um top 10 dos melhores Director´s Cut que podemos encontrar. 

Antes de iniciar, quero fazer apenas dois reparos: primeiro, nem todos os filmes mencionados nesta lista têm uma versão original má, apenas quer dizer que eu gosto bastante da versão alargada e reconheço o que impacto; segundo, esta lista é subjectiva, apenas remete para a minha opinião sobre o assunto. 

10  – Midsommar (2019)

Apesar da versão original ser óptima, a versão alargada de Midsommar acrescenta cerca de 30 minutos extra a este viagem de terror folclore. Estreada somente semanas após o lançamento da primeira versão, e apesar de não oferecer uma mudança drástica à narrativa do filme,  este formato aprofunda muitas das relações entre as personagens e o resultado final torna-se mais negro, impactante e rico no que toca a deixar o espectador de queixo caído. 

9 – Trilogia Lord of The Rings (2001, 2002 e 2003)

Como afirmei antes, nem todos os filmes aqui são maus por natureza. E este é um dos grandes exemplos disso mesmo. A trilogia do “Senhor dos Anéis” é uma das mais conceituadas e bem sucedidas, sendo que para muitos pode muito bem ser a melhor trilogia de sempre. E, apesar de não melhorarem consideravelmente os originais, as versões alargadas não são nada de se jogar fora. 

Seja para alargar os momentos dos Ents no segundo filme ou mostrar o destino de Saruman no “Regresso do Rei”, existe aqui material nova mais que suficiente para fazer a delícia dos fãs.

8 – The New World (2005)

 A história de amor entre John Smith e Pocahontas realizada pela mente de Terrence Malick? Este, de facto, não é um filme para todos. 

Quando estreou em 2005, os estúdios mandaram o realizador 12 minutos de filme, de modo a conseguir obter uma duração mais apropriada para o grande público – que ficou a rondar cerca de 150 minutos. Mais tarde, Malick voltou a inserir estes 12 minutos a “The New World” e, apesar de alterar pouco o filme original, consegue expandir no épico romance histórico. 

7 – Apocalypse Now (1979)

Apesar de complicado, um artista tenta sempre melhorar aquilo que para muitos já é considerado perfeito. Nada melhor se aplica à perseverança de Francis Ford Coppola em mostrar várias versões do clássico “Apocalypse Now”. E, apesar do seu sucesso, eu não me estou a referir à versão Redux que saiu em 2001, mas sim há versão Final Cut, que saiu o ano passado.

Enquanto que a versão de 2001 acrescentou várias cenas para aprofundar certos temas do filme, a verdade é que também prolongou consideravelmente a duração do filme e afundou o ritmo do mesmo. Esta nova versão diminui alguns dos momentos adicionados e consegue injetar um passo mais interessante sem retirar qualquer impacto da experiência, tornando-se a versão que Coppola se sente mais orgulhoso. 

6 – Daredevil (2003)

Justificavelmente mal amado, esta adaptação do Homem Sem Medo veio à luz do dia numa versão bastante editada, ridiculamente ilógico e sem o toque de realismo tão característico desta personagem. 

Porém, apesar de não fazer milagres, a versão alargada de “Daredevil” é um grande melhoramento relativamente à versão original, oferecendo um enredo mais coerente e interessante, para além de mostrar um Demolidor mais terra-a-terra.

5 – Brazil (1985)

“Brazil” tem tanto de bizarro como de extraordinário.Completamente à frente do seu tempo, este filme distópico continua a ser motivo de estudo e conversa. Porém, muito disso advêm do debate entre as duas versões do filme. 

Por ordem do estúdio, Terry Gilliam teve de retirar 10 minutos do filme e – pior ainda – alterar o final original por um mais feliz e crowd-pleasing. Apesar de ter recebido boas críticas, “Brazil” só voltou a atingir um estatuto de filme de culto anos mais tarde, quando Terry pôde implementar no filme a sua versão original, com um final mais negro que melhor condiz com o tom do filme. 

4 – Superman 2 (1980)

O caso de “Superman 2” é bastante especial, devido ao facto de existir uma troca de realizadores a meio da produção. Richard Donner foi substituído por Richard Lester e, apesar deste último não ter feito um mau trabalho, os fãs sempre se questionaram como teria sido a visão de Donner. 

Essa pergunta foi respondida em 2001 quando saiu “Superman 2: The Richard Donner Cut” e a realidade é que esta é uma versão superior à original. Com um tom menos cómico que a versão de Lester e uma visão mais focada de sequela do filme antecessor, esta versão conseguiu aguçar ainda mais os fãs em saber como teria sido o produto final se Donner nunca tivesse saído do projecto. 

3 – Blade Runner (1982)

Este pode muito bem ser o filme mais famoso de sempre no que toca ao debate das versões alargadas. E sim, digo versões porque existem, pelo menos, sete versões diferentes deste filme. SETE!

Umas com mais alterações do que outras, “Blade Runner” rapidamente se tornou um fenómeno de debate entre os fãs sobre qual versão seria a melhor. O consenso geral é de que “The Final Cut” é a versão mais completa do filme (e terei que concordar com esta escolha). Esta versão aprovada por Ridley Scott retira por completo a narração por parte de Harrison Ford e o final feliz, faz alguns ajustes nos efeitos visuais, e oferece-nos um dos melhores filmes de ficção científica de sempre e um marco incontornável no Cinema. 

2 – Kingdom of Heaven (2005)

Ridley Scott volta a aparecer nesta lista. E por bons motivos. Este foi o filme que abriu a minha curiosidade em ver as versões alargadas de filmes. Tudo porque este é um caso em que o filme alargado é anos de luz de diferença em relação à versão que saiu nos cinemas. 

Quando estreou para o grande público, “Kingdom of Heaven” foi criticado pelo próprio realizador que não estava contente por ter retirado, por ordem da distribuidora, 45 minutos do filme. Devido a isto, o filme que saiu nos cinemas não era mau, mas não tinha qualquer sentido de épico e de profundidade temático e de personagens como seria de se esperar num drama de época como este. 

Assim, Scott arregaçou as mangas mais uma vez e ofereceu-nos uma versão alargada deste filme e tudo fez sentido. O filme melhorou consideravelmente, tornando-se épico, não apenas em termos de duração mas também no que toca a impactar o espectador com o seu espetáculo. Com motivações de personagens mais aprofundadas e um percurso da narrativa mais lógico, “Kingdom of Heaven” passou de um filme esquecível  para, possivelmente, um dos melhores filmes do novo século. 

1 – Once Upon a Time in America (1984)

E terminamos com aquele que pode ser o rei das versões alargadas. O monstro imbatível, em todos os aspectos, no que toca a este reino. 

A versão que Sergio Leone queria lançar do filme tinha 6 horas, sendo que seria dividida em dois filme. Estúdios recusaram e Leone teve de encurtar o filme para 4 horas. Enquanto que esta versão saiu na Europa, os distribuidores na América curtaram mais 90 minutos sem o consentimento de Leone, criando uma aberração de filme, retirando momentos cruciais para o filme e a narrativa do filme misturou os 3 tempos temporais da história, tornando-se impossível de acompanhar. 

Felizmente, mais tarde saiu para o público a versão de 4 horas e “Once Upon a Time in America” ganhou uma nova roupagem e um sentido de existência. Uma melhoria em todos os aspectos relativamente à versão original, este “Once Upon a Time in America” tornou-se um marco no Cinema e mais uma peça fulcral no legado de Sergio Leone. 

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