The Queen’s Gambit: Em cada jogada, Anya Taylor-Joy surpreende

THE QUEENÕS GAMBIT (L to R) ANYA TAYLOR-JOY as BETH HARMON in episode 104 of THE QUEENÕS GAMBIT Cr. PHIL BRAY/NETFLIX © 2020

“The Queen’s Gambit” chega dia 23 à Netflix como uma minissérie com sete episódios, encabeçada por Anya Taylor-Joy. O xadrez é o jogo de tabuleiro para acompanhar a vida da protagonista nesta nova aposta de Scott Frank.

Jogar xadrez envolve estar muito atento ao adversário e ao jogo do mesmo para além de muita lógica para conseguir atingir o xeque-mate através da inúmeras jogadas, sendo uma delas a que dá nome a esta minissérie encabeçada por uma das protagonistas do mais recente filme “The New Mutants”, Anya Taylor-Joy.

Não tenciono dar-vos spoilers mas posso dizer-vos que achei o conceito da série muito interessante, mesmo não sendo uma jogadora de xadrez.

A série começa com Beth a acordar num hotel em Paris já no final dos anos 60, a tomar uns comprimidos e a chegar atrasada para uma partida de xadrez que parece importante. Mas quando achamos que vamos ver mais desta partida… Recuamos até à infância de Beth, aqui interpretada por Isla Johnston, e o seu tempo no orfanato depois de sobreviver ao acidente de carro no qual a mãe dela morreu.

Neste orfanato, rapidamente percebe que um dos comprimidos/vitaminas que lhes dão são calmantes e a toma desse comprimido verde torna-se um vício, especialmente depois de ela descobrir o jogo de tabuleiro, e identificando-se logo com ele, através do zelador que é quem a ensina a jogar. Graças aos comprimidos, ela acaba por imaginar um tabuleiro de xadrez no teto e planeia as jogadas que vai aprendendo, apoiando-se e decorando as mesmas em livros como “Modern Chess Openings”.

THE QUEENÕS GAMBIT (L to R) ANYA TAYLOR-JOY as BETH HARMON in episode 103 of THE QUEENÕS GAMBIT Cr. PHIL BRAY/NETFLIX © 2020

Claro que é logo no primeiro episódio que percebemos que ela é um pequeno prodígio no que toca ao xadrez, tendo em conta que desde muita nova que já derrota pessoas com anos de experiência no liceu.

Baseada no livro homónimo de Walter Tevis, a série leva o seu tempo, tal como num jogo de xadrez se deve levar, mas sem nunca perder o ritmo. Há jogos que levam horas e horas a terminar e a série não poupa na duração dos episódios para nos levar com calma a conhecer esta rapariga que encontra no jogo um refúgio, uma maneira de escapar dos seus traumas que vamos descobrindo ao longo da série. Mais do que isso, explora uma rapariga que acaba por ganhar o vício nos comprimidos, mas também no álcool.

O mais interessante também acaba por ser os jogos que Beth vai tendo com diversos homens, sem ser desvalorizada no jogo, aliás, sendo mesmo considerada igual aos mesmos e sendo admirada e elogiada quando vence, surpreendendo tudo e todos.

Anya Taylor-Joy está fantástica neste papel, o que realmente me deixa muito contente porque, cada vez mais a vemos a entrar em grandes produções e a mostrar um pouco mais do seu trabalho. Ela entrega-nos uma Beth mais distante e embrenhada nos seus pensamentos, sempre a pensar em jogadas de xadrez e tentando estar mais próxima do jogo, com muita tranquilidade (que também se deve aos comprimidos que toma), e os seu olhar penetrante quando joga transmite-nos a confiança que ela tem nas suas jogadas, assim como conseguimos perceber que ela é realmente muito observadora.

Também gostava de destacar a representação de Marielle Heller, realizadora de “Can You Ever Forgive Me?” e “A Beautiful Day in the Neighborhood”, no papel de mãe adoptiva de Beth que acaba por criar uma relação mais forte com a rapariga, especialmente depois de perceber o potencial da mesma, chegando mesmo a ir com ela a torneios em diversas cidades.

THE QUEENÕS GAMBIT (L to R) MARCIN DOROCINSKI as VASILY BORGOV and ANYA TAYLOR-JOY as BETH HARMON in episode 104 of THE QUEENÕS GAMBIT Cr. PHIL BRAY/NETFLIX © 2020

O próprio ambiente da série está muito bem construído e adaptado à época que representa, assim como os próprios figurinos da Beth a espelharem muito a sua personalidade mais solitária e a sua evolução ao longo dos anos.

O próprio argumento é fantástico porque, embora não percebamos muito de xadrez, vamos aprendendo aos poucos as jogadas existentes ao mesmo tempo que Beth e a ver os jogos que decorrem durante a série (a própria atriz aprendeu a jogar).

Embora sejam sete horas de uma minissérie em que vemos uma rapariga a desenvolver o seu talento num jogo de xadrez, acreditem que vale a pena darem uma oportunidade à mesma, nem que seja para verem o trabalho de Anya Taylor-Joy e como Scott Frank nos consegue deixar entusiasmados com o jogo de tabuleiro.

É daquelas séries que podemos não entender nada do que se está a jogar ali (mesmo só sabendo as bases do jogo) mas ficamos tão ou mais embrenhados que Beth no jogo, apoiando-a sempre pelo caminho.

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