Marriage Story: Uma história intensa e emocionante sobre divórcio e amor

Marriage Story é uma das grandes apostas da Netflix do mês de dezembro e, sem dúvida, para os grandes prémios do cinema. Realizado por Noah Baumbach e com Scarlett Johansson e Adam Driver nos papéis principais, é um filme que fala de divórcio, mas, acima de tudo, de amor.

Há algo que posso afirmar antes de começar esta crítica: não estava à espera de que Marriage Story me deixasse emocionada de todo quando comecei o filme.

Este filme retrata essencialmente o divórcio de uma atriz e de um encenador, Nicole e Charlie, embora o início do filme só mostre coisas boas desta relação. Este processo torna-se especialmente complicado (emocionalmente) devido a Henry, o filho do casal.

Mas para além de retratar este término da relação que já não faz sentido para ambos, é um filme que também retrata amor, porque gostam um do outro e de Henry de tal maneira que deixa qualquer um com a lágrima no canto do olho e o coração apertado, especialmente no final.

Durante o que seria um divórcio simples e sem advogados, entra a questão das cidades, visto que Charlie é encenador em Nova Iorque mas Nicole, que deixou a companhia de teatro do marido, mora em Los Angeles, para onde se muda para conseguir seguir o seu sonho de ser uma atriz reconhecida por mais do que um filme.

A nível de argumento, até podia parecer, lendo a sinopse, que o filme não ia ter muito por onde chamar à atenção, visto que a história de um divórcio não é um assunto fácil, principalmente para quem já passou por um. Mas a maneira como todos os detalhes contam no filme ajuda a que, desde logo, mudemos de opinião, caso fosse esta.

Fotografia: Wilson Webb

A maneira como Noah Baumbach elabora uma história sobre o divórcio (inspirado ou não no seu com Jennifer Jason Leigh) é de uma tal forma intensa e emocionante que não deixa ninguém indiferente.

A juntar a isto, escolheu para representar esta Nicole e Charlie, dois actores fortísissimos no que fazem. Por um lado, Scarlett Johansson, brilha nesta mulher que quer seguir um sonho e lutar pelas suas decisões, pondo Black Widow num canto por uns tempos, e por outro temos Adam Driver, no papel de um Charlie que é um pai preocupado que ao mesmo tempo é intenso e vibrante, mesmo antes de nos voltar a surpreender como Kylo Ren.

Digo-vos que se nos emocionamos tanto com este filme, eu acho que é bastante devido a estes dois atores e à maneira como colocaram intensidade e emoção em cada diálogo ou monólogo que tinham.

Aliás, o filme começa mesmo com duas cartas, uma escrita por Nicole e outra por Charlie, onde eles descrevem o que amam um no outro, algo que por vezes nos esquecemos de realçar numa relação tão longa e a enfrentar problemas. Temos apenas um  factor que é, embora saibamos o conteúdo das cartas, só Charlie é que a lê na realidade porque Nicole não o quer fazer, o que mais tarde nos faz entrar num pranto.

Há ainda duas cenas surpreendentes para mim: a primeira é quando Nicole, num monólogo, em apenas um take (de cortar a respiração), fala de Charlie pela primeira vez à sua advogada (Laura Dern); e a segunda é a discussão com todas as emoções à flor da pele que Nicole e Charlie têm (que também parece gravada num take) e que nos mostra que eles estavam bastante cientes das dores das suas personagens e em como transportar isso para aquele momento, fazendo-nos ficar com o “coração na boca” porque sentimos tudo o que eles dizem.

Fotografia: Wilson Webb

Aliada à primeira cena com a advogada, não posso deixar de referir Laura Dern que é implacável neste filme e que certamente vai conseguir conquistar uma nomeação como Atriz Secundária, para além de que toda a dinâmica que tem com Scarlett resulta na perfeição.

Mas claro que não é só graças aos atores que se deve o mérito do filme. O realizador Noah Baumbach fez um óptimo trabalho em saber como utilizar os melhores planos nas personagens consoante o tipo de emoção a que estávamos a assistir, e inclusive, a banda sonora também ajuda a manter o mood certo para acompanhar a longa metragem.

Também a fotografia maravilhosa de Robbie Ryan merece ser realçada e apreciada visto que ajuda a complementar todo o ambiente que vemos em cada cena, juntando o excelente uso de cores mais soft e dando assim um ar mais antigo com as mesmas e com o ar granulado, efeito que resulta muito bem aqui, para mostrar o quão cru e realista este filme é.

Resumindo, Marriage Story é, como já referi, mais do que uma história de divórcio. É uma história de amor, uma história de identidade e de saber lidar com as decisões de outra pessoa. É uma história realista, sobre um processo que cada vez acontece mais nos tempos de hoje mas que deixa sempre um rasto de mágoa por trás, seja qual for o envolvido, embora às vezes, quem está de fora não tenha bem noção.

É um filme que recomendo totalmente e que estou a pensar ver novamente em breve.

Podem ler ainda: “Marriage Story”: Mais uma aposta da Netflix para os Óscares

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