Spider-Man: No Way Home é, sem dúvida, um dos grandes lançamentos do ano e um dos mais aguardados também. Se em 2019 tínhamos ficado pendurados no final de Far From Home, agora temos a continuação que tanto queríamos ver! Será que este é o melhor filme de Homem Aranha?
[SEM SPOILERS]
Falar de um filme desta dimensão sem spoilers é muito complicado porque saímos do cinema com a necessidade de desabafar, de comentar, de tecer teorias. Antes de mais, façam um favor e vão ver este filme em IMAX ou pelo menos no melhor ecrã que conseguirem. Vale super a pena, torna toda a experiência mais interessante e o filme merece porque foi feito mesmo para esse formato.
Em 2019 tivemos toda a batalha com Mysterio e o caos ficou instalado no fim desse filme. Mas mal sabíamos o que viria aí. Para quem viu o trailer, reconheceram certamente os vilões deste filme, nem que seja porque viram os outros filmes de Homem Aranha. E é curioso que este é o único herói que ainda quer manter o anonimato e cuja vida fica “arruinada” a partir do momento em que a sua identidade é conhecida.
Queria dizer-vos tudo o que temos neste filme mas apenas posso dizer que tem muita emoção e que nos sentimos numa montanha russa a vê-lo. Ou noutra dimensão, quase como quando o Doctor Strange transforma o Peter para uma no trailer deste filme.
Por um lado, é aqui que temos um amadurecimento do Homem Aranha de Tom Holland. Depois de todos os eventos em Infinity War, Endgame e por aí em diante, era inevitável que algum dia este momento chegasse. Tom Holland está espetacular no papel, sendo uma das suas melhores performances até então, conseguindo entregar-nos boas cenas de drama, de ação e com um pouco de comédia e tudo.
Mas algo de especial que este Homem Aranha tem é, sem dúvida, a sua equipa. Os seus sidekicks que são os melhores que ele podia ter. Zendaya, no papel de MJ, e Jacob Batalon, no papel de Ned, brilham neste filme marcando por diversas vezes alguns momentos mais comic relief e trazendo uma nova dinâmica para este mundo do Homem Aranha como nos habituámos a ver ao longo desta trilogia.
Os vilões também são uma parte essencial do filme e temos que reconhecer o trabalho dos atores que, após tantos anos, retomam os seus papéis para mais uma grande representação! Só para se sentirem velhos: o primeiro Spider-Man já faz 20 anos para o ano, por isso ter personagens como o Green Goblin a surgir mais uma vez no grande ecrã é só, no mínimo, épico, quanto mais ter os Sinister Six à nossa frente!
O trabalho de efeitos visuais é digno de se ver num grande ecrã, como tantas vezes a Marvel nos habituou, aliada a uma boa cinematografia e a planos de realização lindíssimos!
Se quiserem ver a nossa crítica em vídeo, é só clicar no play!
[COM SPOILERS/DESABAFOS]
A partir de agora, leiam ao vosso próprio risco porque aqui começa a crítica para todos aqueles que já viram este filme e que, provavelmente como eu, já sofreram palpitações, já bateram palmas e já deixaram um rio de lágrimas no cinema.
Começar por dizer que este foi o fan service mais bem entregue dos últimos tempos. Nem sempre sou fã que façam estas coisas mas neste caso, acabou por resultar melhor do que esperava, deixando-me muito feliz por ter acontecido.
Não posso ignorar o primeiro momento em que bati palmas durante este filme que foi quando as teorias se confirmaram e o nosso querido Matt Murdock, também conhecido por Daredevil, aparece numa cena como advogado de Peter Parker. O que pode parecer uma coisa bastante simples de poucos minutos, é na verdade um grande passo dentro deste universo porque Daredevil, assim como a série de Jessica Jones, Iron Fist e Luke Cage, encontravam-se todas na Netflix e foram canceladas.
Esta pequena aparição confirma que a Marvel finalmente decidiu pegar, pelo menos até ver, na personagem do Daredevil (cuja série era fantástica) e provavelmente, no futuro, dar-lhe um novo caminho. Isto ainda se confirma mais no final do episódio 5 de Hawkeye (não vou dizer aqui porque pode haver quem não tenha visto a série, mas quem viu tanto Daredevil como Hawkeye vai entender a referência). Um grande e maravilhoso passo dado que me deixou logo extasiada.
A pouco e pouco vão surgindo os nossos vilões tão bem conhecidos do público gerando um sentimento de nostalgia, de felicidade mas também às vezes de muita raiva, porque temos o caso do Green Goblin que nunca sabemos se podemos confiar verdadeiramente nele ou não! Mas já lá vamos.
Doctor Strange apresenta-se aqui como uma personagem mais secundária mas que acaba por ter grande importância nem que seja para o futuro. Muitas teorias apontavam para que talvez este não fosse o Stephen que estamos tão habituados a ver, porque ele não faria um feitiço assim de ânimo leve. Contudo, a apresentação desta narrativa foi muito bem feita e a coisa colou. E as cenas entre ele e o Spider-Man são sempre espetaculares, especialmente aquele pequeno desentendimento que eles tiveram que está uma sequência muito bem feita.
O que não me colou tanto, e embora perceba que queiram ter dado o mote das segundas oportunidades aos vilões, tendo em conta que eles morreram todos às mãos do Spider-Man noutros filmes, acabou por me soar a pouco embora tenha dado um desenrolar e um espetáculo visual que adorei. Passo a explicar: os Sinister Six, todos juntos assim, provavelmente teriam mais a dar noutras circunstâncias. Mas se calhar tenho só de aceitar que este é um filme de redenção e amadurecimento e não estar à espera de outras coisas para além das que me entregam.
Nesta confusão toda de curar vilões à conta da tecnologia Stark, sabemos que se há vilão pronto a causar o caos, ele é sem dúvida o Green Goblin. Dito e feito, porque a nossa querida May acaba por falecer, não antes sem proferir a famosa frase de “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”, contudo a frase foi rescrita de forma a ir mais ao encontro da verdadeira frase dos comics. Chamei nomes ao Goblin, pensei que por momentos a May se tinha escapado e depois voltei a chamar nomes ao Goblin enquanto me corria um rio de lágrimas pela cara abaixo. Uma pessoa assim não se governa.
Esta morte vem ligar e provar mais uma vez que o que acontece a cada Peter Parker no seu universo, de certa forma também tem coincidências em algumas situações no universo de outros. E isso vem a provar-se mais tarde.
Segunda ronda de aplausos vem quando o Ned abre um portal (sim, fiquei tão surpreendida com vocês mas achei incrível) e pede para encontrar o Peter Parker, e aparece-nos à frente o Peter de Andrew Garfield que parece que nem envelheceu. No mínimo injusto, tenho a dizer, nem uma ruga há a mais naquela cara! Posteriormente, o mesmo acontece e aparece o Peter de Tobey Maguire, 19 anos depois de interpretar pela primeira vez esta personagem, sem o fato vestido. Ambos pressentem que o Peter de Tom Holland precisa de ajuda, trocam umas teias de aranhas, há umas gargalhadas à conta dos fantásticos Ned e MJ que são apanhados na curva de haver 3 Peter Parker, e acabamos por perceber que são semelhantes em algumas como todos perderem alguém importante (a tia May, o tio Ben ou a MJ) ou todos gostarem de ir para o topo de algo para pensar. Há também algumas coisas que não queremos que sejam semelhantes, como o melhor amigo do Peter de Tobey ter morrido nos braços dele… Precisamos do Ned na nossa vida e nos próximos filmes!
Os três precisam de aprender a trabalhar em conjunto para que possam derrotar os vilões… Perdão, curá-los, mas tirando o Peter de Tom, nenhum deles tinha trabalhado em equipa. Até que a coisa atine, os acontecimentos vão dando para o torto, mas quando eles finalmente aprendem a ser um só… Que cena épica! Mais uma ronda de aplausos, seja para as teias a balançarem, seja para a maneira como a cena foi realizada. É nesta luta final que temos alguns momentos que merecem destaque: o Spidey do Andrew tem a oportunidade de salvar a MJ do Peter que está a cair do prédio, o Ned a ser salvo pela capa do Doctor Strange e até mesmo a cena em que o Peter de Tom quer vingança do Green Goblin pela May, quase matando-o da mesma forma que ele morreu no seu universo, e é o seu Homem Aranha que o salva, metendo-se à frente.
Mas claro que para o Goblin há sempre tempo para mais uma facadinha final, não é?
O plano resulta, excepto pela bomba que explode na caixa que contém o feitiço de Doctor Strange e que abre fendas inevitáveis no tão conhecido já multiverso. As coisas resolvem-se da mesma forma que se iam resolver inicialmente: toda a gente se vai esquecer que o Peter Parker é o Homem Aranha… exceto nós que ficamos a chorar rios. Eu digo nós porque tenho a certeza que não fui só eu!
O mais triste de tudo, é ver que Peter tem todo um discurso preparado para contar à MJ quem ele é, mas não o faz porque sente que ela está diferente e não a quer magoar mais. Mas tenho a certeza que a altura vai chegar e que vai ser brutal.
Cenas pós créditos: Conseguiram explicar com o filme todo a cena pós créditos do Venom 2 e ainda bem, porque achei que tinha sido uma falha gigante na explicação do multiverso. Com aquele bocado de simbiote que ficou para trás, será que temos algum evento próximo ao estilo de Spider-Man 3? Ficamos para ver mas é certo que já quero um encontro do Venom e do Spidey há muito tempo!
E o teaser de Doctor Strange and the Multiverse of Madness? Maravilhoso! Temos a confirmação de que Scarlet Witch vai aparecer e sabemos também que as coisas vão ficar bem viradas do avesso. Aguardamos pelo trailer porque preciso de analisar em detalhe todas as cenas do mesmo!
Como podem perceber, eu adorei o filme. Houve algumas falhas de narrativa mas contudo é um filme que é um feel good, é um bom fan service e que deixa aquela vontade de ver novamente o mais rápido possível.
No vídeo sem spoilers, tinha dado um 8.5, mas decidi aumentar para 9 porque ao escrever esta crítica/desabafo, percebi o quanto adorei o filme e a montanha russa de emoções que me deu e, com o nosso panorama atual, cada vez mais valorizo filmes que me deem alegria e bem estar para além da sua grandiosidade técnica.