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The Long Walk – Crítica Filme

by Pedro Serralheiro

Todos nós temos longas caminhadas na nossa vida, sejam elas profissionais, amorosas, ou financeiras, todos nós conseguimos relacionar-nos com a dureza de algumas delas e, infelizmente, muitas delas acabam por não compensar. “The Long Walk” é a mais recente adaptação de uma obra de Stephen King, publicada em 1979, sob o pseudónimo Richard Bachman. Sempre um autor muito badalado, por obras como o “The Shining” ou o “IT”, King gera inevitavelmente imensa expectativa, e desta vez não foi diferente. Posso dizer que, a título pessoal, essa expectativa existia, especialmente depois de ter adorado o “Life of Chuck” este ano, também uma adaptação de Stephen King.

Fui vê-lo na abertura do Festival MotelX em Lisboa, sala cheia e energética, não desiludiu. O filme executa de forma eficaz uma mensagem já recorrente no cinema. É curioso perceber o quanto o livro que lhe deu origem influenciou tanto a literatura como o cinema. É fácil pensar em The Hunger Games, especialmente porque o realizador dessa saga, Francis Lawrence, é também o responsável por “The Long Walk”.

Eu entendo que possa haver alguma desilusão para quem vai ver The Long Walk à espera de algo mais claro e com um mundo tão detalhado como em The Hunger Games. No entanto, há diferenças claras entre as obras e na mensagem que cada uma quer passar. Para além da óbvia crítica a um sistema corrupto e capitalista num pós-guerra, que explora os mais pobres sob a bandeira de esperança e (falsas) promessas de libertação, mas que na verdade não passa de uma ferramenta de controlo populacional, o filme apresenta a amizade e camaradagem como formas de resistência. A Longa Caminhada pode, inclusive, ser lida como uma metáfora para a vida: pessoas ficam pelo caminho, mas isso não invalida a realidade das conexões que se criam.

Ao longo das duas horas, acompanhamos apenas os jovens selecionados para a caminhada a andar e a construir ligações. O diálogo ocupa o centro da narrativa e, com isso, o desenvolvimento de personagens que estabelece com o público (estabeleceu comigo, pelo menos) uma relação de empatia que nos faz querer segui-los até ao fim numa jornada que é sombria, mas que tem momentos de esperança e alegria. 

Sim, é violento, mas que não considero excessivo. Aliás, terem arriscado um pouco mais poderia ter feito bem à narrativa. Mais do que um jogo doentio em que pessoas morrem, a obra mostra a vontade intrínseca da maioria dos jogadores em fazer o bem, algo que me parece propositado e que, no meu entender, resulta no contexto do que é contado.

“The Long Walk” tem mérito na forma como me manteve colado ao ecrã do início ao fim. Com uma premissa inicial tão simples, poderia facilmente cair no aborrecimento, mas não foi o caso. Pelo contrário, uma crítica válida é a rapidez com que certos acontecimentos se desenrolam, sem grande impacto na narrativa. Gostava que o filme tivesse passado mais tempo a explorar alguns temas abordados porque, apesar de eu me ter sentido emocionalmente conectado, por vezes queria ter sentido ainda mais. Também a cinematografia não me cativou particularmente, mas entendo o objetivo de fazer algo mais minimalista e sombrio, devido ao contexto em que toda a narrativa se desenrola.

No fim, saí bastante satisfeito, sinto que correspondeu às minhas expectativas, gostei das mensagens e das formas como elas foram articuladas através das personagens e dos diálogos. Para mim, melhor, só mesmo se fosse visualmente mais apelativo, mas não defraudou o quanto eu gostei de passar estas duas horas com as personagens.

8/10

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