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The Life of Chuck – Crítica Filme

by Pedro Serralheiro

Nos tempos difíceis que correm, é importante termos algo ou alguém que nos demonstre humanidade e que a vida, por mais complicada que por vezes seja, vale a pena ser vivida e “Life of Chuck” aparece claramente com uma mensagem nesse sentido.

Mike Flanagan, realizador de “Life of Chuck”, mais conhecido no mundo do terror através de filmes como “Doctor Sleep” ou séries exclusivas da Netflix como “The Hauting of Hill House”, tem como especialidade a exploração de traumas geracionais, dinâmicas de família e perspetivas de vida. Agora, sem os elementos de terror, a curiosidade era enorme para o que ele poderia fazer com esses temas, num drama adaptado de um livro do Stephen King com o mesmo nome. E sinto que era difícil ter sido mais bem-sucedido.

“Life of Chuck” tal como o nome indica dá-nos a conhecer quem é Chuck. Interpretado por Tom Hiddleston em adulto, mas também por Jacob Tremblay, Benjamin Pajak e e Cody Flanagan nas suas outras fases de vida, e é através destes fantásticos atores que nós temos acesso à mensagem que Flanagan quer passar.

A minha primeira reação ao sair do filme foi dizer que é um filme maior do que a própria vida. O que é que eu quero dizer com isso? Há certos filmes que vemos, gostamos dos atores, da edição, da filmagem, da música, dizemos: “foi fixe”. E seguimos em frente. “Life of Chuck” não é, de todo, esse filme para mim. É muito mais do que isso. Sim, todas as pequenas engrenagens que fazem um filme funcionar estão em parelha de forma perfeita, estrutura narrativa, atuações, realização, cinematografia, etc. Mas vai mais além, é maior do que a soma das suas partes. Tem uma mensagem inspiradora, que tanta falta faz em tempos mais difíceis. Diz-nos que temos de reconhecer as coisas boas da vida, analisa profundamente o que é vida e o que é morte, e a forma como Chuck navega o mundo é verdadeiramente o que fez o filme perdurar na minha cabeça.

“Song of Myself” foi publicado, na sua versão final, por Walt Whitman em 1892 e é um poema usado na narrativa do filme para explorar exatamente a ideia do que é viver, um dos excertos lê-se:

“Do I contradict myself?

Very well then, I contradict myself,

(I am large, I contain multitudes.)”

Este poema, tal como o filme, explora a ideia de que a nossa existência não se resume a algo simples e unidimensional, somos criaturas com muito dentro de nós, “um mundo inteiro” como é dito no filme, e como humanos somos feitos de todas as experiências que partilhamos, de todas as pessoas que conhecemos e ainda de todas as pessoas que iremos conhecer. Não paramos de ser, pois não paramos de viver.

É uma mensagem forte que o filme passa. Porque é que cantamos? Porque é que dançamos? Porque é que vemos filmes, pintamos ou escrevemos? No fim do dia, todos esses pequenos pormenores contam, informam-nos de como vivemos a nossa vida. Os olhares trocados, as pequenas conversas que ficam em nós. Há muitas coisas que não escolhemos na nossa vida, mas podemos escolher a forma como navegamos os pequenos (grandes) momentos da vida.

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