No âmbito do LEFFEST ´19 chega aos cinemas portugueses “Little Joe”, uma viagem ao mundo maternal.
O Lisbon & Sintra Film Festival decorre este mês de Novembro na zona da capital portuguesa e traz ao nosso país filmes independentes poucos falados pela imprensa mas, muitas das vezes, fascinantes e bastante incomuns.
Um dos filmes que preenche a programação deste ano é “Little Joe”, um filme da realizadora austríaca Jessica Hausner e que foi premiado com o prémio de Melhor Actriz no Festival de Cannes para a protagonista Emily Beecham.
Neste “Little Joe”, Alice (Beecham) é uma mãe solteira que trabalha numa fábrica com o propósito de criar uma planta que traz felicidade a quem a tem. Quando leva ilegalmente uma planta para oferecer ao seu filho Joe (Kit Connor), a sua vida começa a descontrolar-se e as mudanças são iminentes.
O conceito de “Little Joe” é genial. Com um cast reduzido e uma pequena variedade de localizações, Hausner consegue criar um enredo intrigante e desenvolve uma ideia universal – maternidade – num ambiente pouco comum.
De facto, “Little Joe”, apesar de oferecer certos momentos tensos e pautados por uma banda sonora acutilante, não chega a ser, por si mesmo, um filme de terror ou thriller. É mais um drama familiar que se estende por momentos para situações que deixam o espectador intrigantemente incomodado.
As representações ajudam para criar este ambiente desconfortável. Tanto Beecham como Ben Whishaw são o centro desta história e, entre eles, a representação por momentos seca, por momentos mecanizada e por momentos altamente natural, consegue prender o espectador ao longo do ritmo demorado dos acontecimentos.
Porém, “Little Joe” cai na rasteira de focar-se demasiado na sua mensagem do que no desenrolar da história. Tudo o que tem a dizer sobre maternidade e a preocupação que o papel de mãe acarreta para uma mulher conseguiria ser transmitido de forma mais concisa.
O filme continua a “martelar” a sua mensagem sobre os espectadores, sem que aconteça nada na história relevante para desenvolver as suas ideias iniciais. Torna-se bastante superficial pensando que está a ser filosoficamente profundo.
Isto advém do facto de o enredo, apesar de interessante inicialmente, não se desenrola de modo cativante. Para além de ter um ritmo demorado, pouco acontece para manter o espectador interessado em todo a duração do filme.
Apesar de ter um conceito interessante, “Little Joe” torna-se um pouco oco na sua tentativa desesperada de explicar a sua mensagem. Jessica Hausner será uma realizadora para ter debaixo de olho, desde que lime algumas arestas no seu storytelling.
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