Um Sinal Secreto (Blink Twice) é um thriller que vai manter a atenção do espetador do início ao fim mas é também o filme que marca a estreia na realização de Zoe Kravitz.
A premissa é bastante simples: Slater King, um multimilionário, conhece Frida, uma empregada de mesa, na sua gala de angariação de fundos. Depois de algum flirt, convida-a a juntar-se a ele e aos seus amigos numa viagem à sua ilha privada. Mas é o típico caso de que as aparências iludem, porque embora todos se estejam “a divertir imenso”, há coisas estranhas que continuam a acontecer.
Se calhar podes estar a pensar que já viste esta premissa em algum lado, ou encontrar semelhanças. Diria que sim, tem um misto de narrativas de vários filmes que já nos foram apresentados ao longo dos anos, se pensarmos bem. Contudo, a história aqui é contada de tal forma que, não só não é previsível, como capta a atenção até ao último minuto.
O que Zoe Kravitz faz com este filme é provar que não só consegue ter uma ideia original e trabalhá-la bem em termos de argumento, mas também consegue passá-la de forma intensa através da realização. Vou arriscar ao dizer que provavelmente muitos não vão gostar do estilo de realização dela, porque até considerei ousada, com os seus planos fechados, com imagens a surgir e a desaparecer muito rápido, mas todos com uma intenção de tornar as cenas intensas.
À medida que se jogava com os planos na realização, a piscar literalmente o olho ao título em inglês muitas vezes (e sim, foi um pun intended, e acredito que tenha sido da Zoe também), jogou-se muito também com o som. Havia momentos específicos, ações concretas e determinados objetos que o som era exagerado, mesmo para que o espetador o fosse reconhecendo e associando ao mistério que estava a acontecer na ilha, e que de certa forma, ajudavam a que não nos distraíssemos.
E quanto ao elenco, também o soube escolher o dedo. Claro que muitos de vocês estão a pensar que ela escolheu o Channing Tatum para interpretar o Slater King porque estão noivos, mas fiquem já a saber que eles só se conheceram neste filme quando ela lhe enviou o argumento (ainda o filme se chamava P*ssy Island 👀)
E é mesmo sobre o Channing Tatum que quero começar por falar. Temos visto muitos filmes com ele ao longo dos anos, mas sempre num registo mais de comédia ou ação, por isso não vou negar quando digo que é refrescante vê-lo num registo totalmente diferente e que acredito que o tenha tirado da sua zona de conforto. Gostei bastante do lado misterioso que ele entregou à sua personagem, conseguindo manter as aparências até ao final.
Quanto a Naomi Ackie, ela brilhou totalmente neste filme. É certo que a personagem dela, a Frida, é a pessoa que mais acompanhamos ou que pelo menos vemos as coisas a acontecer através dela. Mas ela conseguiu entregar o necessário para nos fazer torcer por ela, para nos deixar inquietos na nossa cadeira e, em certos momentos, até ficarmos felizes por ela!
O restante elenco ajuda nesta ilusão, com personagens muito caraterísticas. Destaco a Adria Arjona (já a tinhamos visto em Hit Man ao lado de Glenn Powell) mas todos os atores estão incríveis: Christian Slater, Simon Rex, Kyle Maclachlan, Liz Caribel, Levon Hawke, Alia Shawkat, Geena Davis, Trew Mullen e Haley Joel Osment.
Fiquei agradavelmente surpreendida com este filme, ninguém diria que seria uma estreia de Zoe Kravitz, nem o tipo de filmes que Channing Tatum tem feito nos últimos tempos. Fico a torcer não só por este casal mas também pelo sucesso de bilheteira deste filme, pela sua coragem de ser um thriller original nos grandes ecrãs.