Home FilmesStreamingCríticas de Filmes Wolfwalkers: Livre como os Lobos da Floresta

Wolfwalkers: Livre como os Lobos da Floresta

by Tiago Marques

“Wolfwalkers” é a mais recente colaboração do estúdio de animação irlandês Cartoon Saloon e do realizador conterrâneo Tomm Moore, que desta vez é acompanhado por Ross Stewart. À semelhança de projetos anteriores (“Song of the Sea”, “Secret of Kells”), este filme conta uma história repleta de magia e superstição inspirada em contos tradicionais gaélicos.

Robyn (interpretada por Honor Kneafsey) é a nossa protagonista, uma jovem aprendiz de caçadora que viaja com o pai para a cidade de Kilkenny com a missão de livrar a floresta circundante da última matilha de lobos que nela reside. Bill Goodfellowe (Sean Bean) é o pai viúvo que se vê a braços com a responsabilidade de cuidar e proteger a filha, bem como levar a cabo a tarefa que lhe foi incumbida, sob pena de não lhes ser permitida a permanência na cidade.

Motivada por uma curiosidade indomável e determinada a provar o seu valor como caçadora, Robyn contraria as ordens do pai e aventura-se floresta adentro mas, o que lá encontra, não é de todo o que esperava. Ao explorar o labirinto de árvores e vegetação cerrada, a rapariga conhece uma criança selvagem com uma juba de longos cabelos vermelhos que se apresenta como Mebh Óg MacTíre (Eva Whittaker), uma das últimas Wolfwalkers – uma tribo de criaturas míticas que habitam a floresta como humanos durante o dia mas, à noite, transformam-se nos seus alter-egos lupinos e galgam os bosques com o resto da alcateia.

© Apple

A animação é fluída e dinâmica, faz uso de transições orgânicas e criativas no decorrer da história e puxa-nos gentilmente para dentro deste conto deslumbrante. O facto de a animação ser feita a duas dimensões e desenhada à mão possibilita o emprego de escolhas estilísticas como jogos de perspectiva e exageros no traço para comunicar movimento, efeito e expressão que não estamos habituados a ver na animação computorizada de anos recentes. Mesmo os planos de fundo são recheados de um detalhe rico e cativante que nos transportam para o cenário místico da Irlanda rural de 1650.

A vivacidade e energia da animação da natureza por vezes funde-se com as personagens num único ser vibrante e fulguroso que parece ter uma só consciência, uma direção comum, um só destino.

Esta relação simbiótica entre os ambientes e as personagens não seria possível sem as performances de voz sinceras e genuínas produzidas por todo o elenco, destacando-se ora pela intrépida Honor Kneafsey, pela irrequieta Eva Whittaker ou até pelo afável Sean Bean, sem esquecer o antagonista austero e autoritário, o “Lord Protector”, que ganha vida com a voz de Simon McBurney.

A direção musical de Bruno Coulais distingue-se pela inspiração no folk tradicional céltico e pela adaptação temática de músicas populares tais como “Running with the Wolves” da cantora norueguesa Aurora.

“Wolfwalkers” transcende os limites de “filme para crianças” ao criar uma atmosfera deliciosa e uma aura mágica inebriante que apela a espectadores de todas as idades revelando temas como a expressão de individualidade, liberdade, pensamento crítico, respeito e compaixão pelos que são diferentes de nós.

Podem ver o filme na plataforma da Apple TV+ e acompanhar a cerimónia dos Óscares no dia 25 de abril, onde “Wolfwalkers” está nomeado na categoria de Melhor Filme de Animação!

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