Álex Pina está de regresso à Netflix, por assim dizer, depois de estrear a quarta parte de “La Casa de Papel” recentemente. Desta vez, traz-nos “White Lines”, uma série que nos transporta diretamente para Ibiza sem sairmos de casa. Estreia hoje na plataforma e merece ser vista.
Já conhecemos o trabalho de Álex Pina, principalmente desde que a sua série “La Casa de Papel” se tornou mundialmente conhecida. Agora, chega à Netflix “White Lines”, em conjunto com a produtora de “The Crown”, que nos traz a resolução de um assassinato, mas vai muito mais além disso. Mistura drama, comédia e um pouco de policial.
(não contém spoilers)
Seguimos a história de Zoe ao longo da série que começa a mesma por descobrir que o seu irmão, Alex, foi assassinado e enterrado há 20 anos e, depois de sofrer anos ao pensar que ele tinha desaparecido, chega a altura de ela lidar com um novo tipo de dor.
Zoe passou a sua vida toda em Manchester e constituiu família mas sente que a sua vida, ao contrário da do seu irmão, não foi tão vivida. Alex partiu para Ibiza, o sítio que “estava a dar” no que cabia as festas e DJ’s, e viveu a sua vida ao rubro com os seus três melhores amigos, até ao dia em que foi assassinado.
O mistério agora está em descobrir quem é o assassino, fazendo com que Zoe fique por Ibiza para tentar descobrir isso mesmo. A narrativa explora tudo o que está à volta disto através dela e das situações que vai passando, mas ao mesmo tempo, temos um cenário ainda mais abrangente.
Álex Pina mostra novamente que se esmera a contar estas histórias de nos deixar sempre a querer ver mais um episódio, porque ora acontece uma reviravolta, ora queremos simplesmente saber mais e mais do que aconteceu há 20 anos e do que acontece em Ibiza no presente ano, havendo sempre estas duas linhas temporais. Para além disso, a série é falada em espanhol e inglês e quase que não nos apercebemos desta transição de tão bem que os diálogos fluem e de tão bem que é feita essa transição.
Esta série, como disse, é muito mais do que resolver este assassinato. É quase como se fosse uma descoberta da própria Zoe, que se descobre numa Ibiza cheia de festa, drogas e praias lindíssimas, mas também das outras personagens, que fazem uma reflexão de quem eram há duas décadas.
Pegando já no elenco, deixem-me começar por elogiar o ator português que interpreta Boxer, o chefe de segurança da família Calafat: Nuno Lopes. Ele está impecável no papel que faz, num homem que tem a profissão que tem mas que consegue mostrar mais de si, um outro lado. O Nuno entrega-nos uma representação cheia de alma em cenas mais sensíveis e cheia de garra quando é necessário ter pulso firme. Uma óptima escolha, a meu ver, para este papel, e uma óptima oportunidade para ele brilhar (ainda mais), mas desta feita numa produção da Netflix. O Boxer é sem dúvida, uma das personagens à qual nos vamos afeiçoando ao longo dos episódios.
Para além de Nuno Lopes, também há mais dois atores portugueses no elenco: Paulo Pires e Rafael Morais.
Laura Haddock, que interpreta Zoe, traz-nos uma mulher que não só nos transmite que não sabe bem o que quer da vida, como sabe perfeitamente que quer lutar até ao fim para descobrir o que aconteceu ao seu irmão, tomando uma decisão que devia ter tomado anos antes. Se formos a fundo, a própria série é um contraste da personalidade dela com o ambiente que Ibiza proporciona. E é notória a evolução pessoal que esta personagem vai tendo.
À medida que a série vamos percebendo também que o nome da série que podia ser bastante óbvio, ganha um novo significado. Pelo menos, para mim isto fez sentido, devido a uma frase que é dita no terceiro ou quarto episódio. Não vos vou dizer mais, descansem!
Para além do argumento e do elenco, deixem-me também elogiar as paisagens lindíssimas de Ibiza, que nos dá vontade de mergulhar já naquela água, e também destacar o tratamento de cor que foi dado à série. Não sei bem qual foi a intenção que se quis passar com o tom mais amarelado (coisas técnicas a este ponto não é comigo!) mas sei que gostei e que me proporcionou um olhar diferente sobre a série, dando-me a sensação de que já estava no verão e que podia facilmente estar ali.
Esta série pode muito bem e facilmente ser o próximo binge-watch e é uma boa candidata a ser uma das melhores séries da Netflix deste ano. Tem 10 episódios, cada um com cerca de 1 hora mas se há coisa que vos digo, é que nem dão por essa hora a passar porque há sempre qualquer coisa a acontecer, e quando chega ao final, lá está, há sempre qualquer coisa que vos faz querer mais!
Já podem espreitar aqui.