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We Live in Time – Crítica Filme

Está tudo bem em não estar bem!

by Pedro Almeida

We Live in Time (Todo o Tempo Que Temos) leva o conceito do tempo não só a um nível sentimental e simbólico mas também a um nível onde o mesmo não é linear e coeso.

O filme atravessa diversas etapas do casal Almut (Florence Pugh) e Tobias (Andrew Garfield) desde o momento em que se conhecem, ao nascimento da pequena Ella, até à descoberta da doença fatal de Almut. O novo filme da A24, apresenta estes momentos de forma intercalar. O tempo não passa corretamente lógico e em apenas dezenas de minutos viajamos entre o passado e o presente. No entanto, estes momentos são muito bem feitos que o espetador apesar de estranhar à primeira, como costumam dizer, entranha logo a seguir.

Ao início, comecei a pensar que este é do tipo de filmes “fáceis” para fazer qualquer um chorar. Um casal com uma filha que ultrapassa diversas dificuldades nas suas vidas, descobrem uma doença fatal que mudará as suas vidas… Já chega a ser um cliché dos filmes de romance.

Mas à medida que via o filme sentia que ele era diferente dos demais. Talvez seja pela amostra do tempo que o filme apresenta, algo não muito coeso com saltos entre o passado, o presente e o futuro. Ou talvez seja também a química incrível que Andrew Garfield e Florence Pugh apresentam a cada take que partilham. Conseguimos tanto receber a paixão louca e sexual que ambos têm um pelo outro, como recebemos o amor e o carinho que um sentem um pelo outro e os riscos que cada um tenta obter pelo outro. Por momentos, o espectador esquece que aquele filme não vai acabar bem e relaciona-se “demais” com os personagens, que sabe, que terão um fim trágico… Bom, pelo menos um deles.

Apesar da doença que a personagem de Florence Pugh apresenta, os dois tentam criar “6 meses incríveis como o car****”, como uma abordagem simbólica de “não desperdiçar o tempo que lhes resta”. Acho bastante interessante este ponto de vista do filme, ao passar a mensagem ao espetador de que apesar do relógio estar a cronometrar, o tempo não é algo que mesmo assim se desperdice. Mesmo tendo este relógio a contar os minutos para o “momento final”, a personagem de Florence Pugh ainda arranja tempo para os seus “assuntos pessoais”… Sendo uma chefe de cozinha e com um evento grandioso à porta, intitulado de “Bocuse d’or”, ou como eles chamam “as olímpiadas da cozinha”, Amlut tenta desanuviar toda a sua dor e problemas que enfrenta num legado que pretende deixar à sua filha e que não a faça esquecer da mãe.

[blockquote align=”left” author=””]“Eu não consigo pensar na ideia de ser esquecida.”[/blockquote]

 

Já o personagem de Andrew Garfield, tenta ao máximo fazer tudo pela sua mulher e por vezes fica irritado com o facto dela esquecer-se do pouco tempo que lhe resta. É um personagem super atencioso que faz de tudo para que possa proporcionar os 6 meses de felicidade a Amulet. Não consigo tirar a ideia de que o Andrew Garfield colocou um pouco de si neste personagem, porque a pessoa real e o personagem interpretado têm uma coligação tão incrível que por momentos perco-me no pensamento que estes são pessoas diferentes.

Veredito final:
A A24 acerta novamente desta vez com um filme romance, que faz qualquer um chorar, sobre o pouco tempo que às vezes temos para estar com as pessoas mais próximas. E a importante mensagem é que não importa o pouco tempo que temos, ainda há muita coisa que se consegue fazer. A atuação é excecional, a banda sonora é muito bem usada para dar ênfase às cenas enquanto são moldadas por uma edição estranha mas muito bem pensada.

8/10

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