A Sony aventurou-se novamente pelos grandes ecrãs para nos trazer o anti-herói “Venom”, baseado nos comics e realizado por Ruben Fleischer.
A intenção de trazer Venom para um filme a solo foi boa, a concretização disto é que podia estar mais de acordo com as expectativas dos fãs que eram muitas.
Tudo começa quando decidem trazer os symbiotes para a Terra para perceber de que maneira é que eles podem sobreviver cá e consequentemente, os humanos no planeta deles. Isto tudo a mando de Carlton Drake (Riz Ahmed) que não olha a meios para atingir os fins.
Passando para o verdadeiro centro das atenções do filme; Eddie Brock, maravilhosamente interpretado por Tom Hardy, é um jornalista que, tal como esta profissão tem inerente a ela, gosta de ir ao fundo nas suas investigações, o que por vezes o leva a ultrapassar os limites, como foi o caso.
“I’m a reporter. I follow people that do not want to be followed.”
Numa entrevista que corre para o torto após Eddie acusar Carlton de diversas mortes derivadas de experiências dele, é despedido, o que faz com que a sua noiva, Anne Weying (Michelle Williams), também seja despedida, acabando por ali a relação deles.
Mas meses depois, depois de Eddie estar completamente destroçado e sem emprego, Donna Skirth (Jenny Slate), chocada com as experiências no chefe na “Life Foundation”, pede-lhe ajuda para expor a situação, o que resulta numa ida do jornalista ao laboratório às escondidas.
E foi assim que tudo aconteceu. Eddie, meet Venom. Venom, meet Eddie.
Sem saber como ou perceber de onde vêm as vozes que ouve, Eddie tem um “parasita” dentro do corpo dele – mas não lhe chamamos assim porque Venom não gosta – que o faz ter os comportamentos mais estranhos e diversas alterações no interior do seu corpo.
A juntar a isto, é ainda perseguido pelos capangas de Carlton que querem a todo o custo recuperar o symbiote do chefe.
Como o ditado diz “primeiro estranha-se, depois entranha-se”, e até entranhar, Eddie tem muito para entender sobre Venom e qual é o objetivo dele neste planeta.
Verdade seja dita, se não fosse Tom Hardy a entregar-nos um Eddie Brock carismático, com o seu humor sarcástico, que nos fez criar uma ligação de empatia com ele, não seria a mesma coisa.
Para além de que toda a relação que ele tem com Venom (a quem empresta a voz) é fantástica, conseguimos mesmo entender a dualidade de pensamentos e luta que ele tem internamente, para além de como vai ganhando o seu terreno perante o parasita mortífero que só quer comer qualquer um que lhe apareça à frente.
Percebemos o desafio que Tom Hardy poderá ter visto neste filme e nesta personagem – e o quanto ele se comprometeu com ela – porém não sentimos que esta seja a melhor interpretação do actor, tendo em conta os papéis mais recentes que já vimos dele.
Já Michelle Williams, por muito boa atriz que ela seja, não foi uma peça nem essencial nem necessária de todo para este filme. Serviu para percebermos como Eddie estava destroçado e como isso pode ter afetado a óptima compatibilidade entre ele e Venom e também como ela fazia frente ao parasita.
Pegando também na personagem de Carlton Drake, que sofre um destino parecido, Riz Ahmed não foi a melhor escolha possível para este papel, apesar de nem desgostar dele como ator. Faltou-lhe o lado “perigoso” com que tantos personagens o descreveram ao longo do filme, o que acabou por pecar também no final.
Quanto a esse mesmo final, foi anti-climático. Foi uma desilusão, diria. A primeira hora do filme, embora fosse “necessária”, podia-se ter encurtado muito mais.
E depois, ficamos a querer ver mais de Eddie-Venom e da sua relação porque é esse o enfoque e sentimos que soube a pouco. Parece que a transição entre ele dizer a Venom “ah querias matar-me?” e “o que é feito da palavra ‘nós‘?” até eles ficarem completamente conformados com a situação, passa muito rápido.
Mas se há coisa que podemos elogiar neste filme (para além de Hardy) são mesmo os efeitos especiais. Venom aparece-nos incrivelmente bem feito, as passagens de Eddie para Venom estão visualmente bem feitas e dá aquele lado mais terrorífico porém às vezes com muita piada que já estávamos à espera depois dos trailers.
Também em relação a Venom, foi bom percebermos alguns dos “poderes” que ele tem, como Eddie diz, “trepar árvores muito altas, mas super super depressa”, a agilidade que ele tem, curar as feridas do seu hospedeiro e alterar partes do seu corpo por armas são só alguns exemplos que vemos ao longo do filme.
Apesar disto, todos os bons momentos já tinham sido vistos, logo já bastava citá-los (confesso que disse ao mesmo tempo que eles a cena icónica do “We are Venom”).
Esta cena é óptima para ilustrar esta relação que queríamos ver. Foi o momento em que se viu metade de Eddie e metade de Venom e que percebemos que realmente eles podem e vão coexistir juntos.
As expetativas eram altas e Venom não esteve à altura delas mas não se pode dizer que é um filme péssimo. Se tirarmos a primeira hora de filme, temos o que gostávamos de ter visto durante as 2 horas. Só resta esperar que as continuações tragam algo de mais cativante para os grandes ecrãs, visto ser um dos anti-heróis preferidos da banda desenhada.
HÁ DUAS CENAS PÓS-CRÉDITOS, NADA DE SAIR DA SALA!