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“Variações” – Uma Estrela Portuguesa, Com Certeza

by João Borrega

A vida do ícone da cultura pop portuguesa António Variações recebe um tratamento cinematográfico neste “Variações” pelas mãos de João Maia.

Já muito falatório se fez sobre a estrela nacional mais internacional que era António Variações. Entre reportagens, crítica, documentários e opiniões meramente populares – goste ou não se goste, é incontornável o contributo de Variações para a cultura portuguesa. 

Este que vos escreve confessa que é fã do artista. Uma entidade muito à frente do seu tempo, especialmente para os parâmetros rudimentares que era Portugal nos anos 80. Logo, muito esperançoso fui ver este biografia sobre o mesmo. 

Apesar de ser a primeira biografia realizada sobre António, não é difícil adivinhar o enredo deste “Variações”. O filme segue as pisadas de António Variações (Sérgio Praia), desde a sua criação rural e ultra católico, à descoberta da sua identidade nas ruas de Amesterdão e um regresso ao seu país para atingir sucesso no mundo da música. 

Os amores e desamores de Variações, seja pelo seu país, por pessoas ou pela música, irão povoar este retrato e demonstrar que ser português é muito mais do que aquilo que aparenta. 

A meu ver, deveremos iniciar esta crítica com a questão principal que todas as pessoas colocam: como está António Variações? Ou seja, está Sérgio Praia bem no papel?

De facto, Sérgio Praia e a sua interpretação exímia de Variações é o ponto mais forte do filme, tornando-se a estrutura que mantém este filme erguido. 

© João Pina / David & Golias

Não apenas pela sua semelhança física, mas todos os seus maneirismos, trajectos, forma de falar e energia contagiante leva a que Praia desaparece totalmente neste papel, fazendo-nos acreditar em apenas instantes que estamos a observar o próprio Variações no grande ecrã. 

Não é apenas de Sérgio Praia que constitui este elenco, sendo necessário ressaltar alguns nomes como Filipe Duarte, Victoria Guerra e José Raposo. Todo o elenco, com mais ou menos tempo de antena, oferecem performances dignas de seu nome. 

Pouco também tem de se falar sobre a banda-sonora. Em “Variações” desfilam êxitos do cantor, seja num formato caseiro e solitário, seja em apoteose circunstância com os membros da banda ferver com os instrumentos. 

Porém, apesar do fascinante que é ver Variações neste formato, a verdade é que o filme peca por uma repetição na sua estrutura e bater em todos os clichés conhecidos quando se trata de uma biografia. 

Para um artista tão avant garde que era Variações, o filme aposta numa fórmula muito batida e antiquada, preocupando-se mais em agradar do que em ser agradado. Para além de que não mostra mais do que aquilo que o público já conhece sobre a vida do cantor, não servindo mais um simples catálogo conhecido.

Feitas as contas, “Variações” é demasiado comum para conseguir tornar-se mais do que aquilo que é. Apesar da interpretação fascinante de Sérgio Praia, este apenas consegue enfeitiçar durante tempo suficiente e o resto do filme pouco consegue fazer para agarrar o espectador até ao seu final anti-climático.

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