Os serviços de streaming são, neste momento, o barco de salvação para ideias de filmes totalmente originais e completamente fora da caixa. Na maioria das vezes, o resultado não é o mais positivo. Porém, de vez em quando, surgem gemas que merecem ser celebradas. “They Cloned Tyrone” é a última adição a este monte de gemas.
Este novo filme da Netflix revolve em redor de um traficante, uma prostituta e um chulo (protagonizados por John Boyega, Tayonah Parris e Jamie Foxx, respectivamente), que descobrem uma grande teia de clonagem que está a ocorrer no seu bairro.
Apesar de ser um conceito básico, a abordagem do realizador Juel Taylor – nesta que é a sua primeira longa-metragem – tem tudo menos jogar pelo seguro. Numa mistura hilariante entre ficção científica, humor negro, crítica social e Blaxpoitation, este “They Cloned Tyrone” abraça a estética granulada dos anos 70 com uma visão futurista bem focada nas ideias sociais do século XXI.
Todos os atores oferecem uma óptima prestação, mas é o chulo de Foxx que rouba todo o espetáculo. Servindo como o elemento cómico do filme, Foxx equilibra bem o humor com a seriedade do filme, assentando como uma luva neste papel e mostrando, novamente, que é dos atores mais versáteis que temos neste momento a caminhar por Hollywood.
Apesar de tudo, o filme escorrega mais no que toca ao vilão de Kiefer Sutherland e ao seu plano que é apresentado detalhadamente por diálogo. As críticas sociais são demasiado espelhadas no enredo, tornando-se demasiado óbvias, quase como se tivessem receio que a audiência não compreende-se a mensagem do filme.
“They Cloned Tyrone” é uma excelente viagem pelos subúrbios, acompanhado por um trio dinâmico e uma excelente banda-sonora que nos imersa imediatemente naquele mundo. Era um filme complicado mas que consegue gerir todos os géneros que tenta equlibrar. Uma gema subvalorizada no panorama cinematográfico de 2023.
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