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The Substance – Crítica Filme

by Pedro Almeida

“The Substance” é com certeza dos filmes mais falados recentemente, visto que inúmeros “tik toks” e “reels” estão a inundar a internet. Isto porque o filme já tem 1 mês de idade, visto que saiu lá fora em Setembro. No entanto, para nós, portugueses, só teremos o privilégio de assistir a este filme no dia 31 de Outubro, o dia das bruxas. E, é com certeza o filme indicado para se ver neste dia (a equipa que pediu esta data específica merece um aumento).

Este novo filme de Coralie Fargeat (A Vingança, de 2017) é uma longa metragem de terror e ficção científica que explora o conceito de beleza feminina e o misoginismo na indústria da televisão e do cinema. Nesta película, somos apresentados a uma estrela de Hollywood em decadência, Elisabeth Sparkle (Demi Moore) que apresenta atualmente um programa sobre fitness para pessoas de meia idade. Já com uma idade avançada, ela ouve uma conversa do produtor do programa, Harvey (Dennis Quiad) a dizer que irá despedir Elisabeth por ser velha de mais. Entristecida, Elisabeth volta para casa e ao distrair-se com um poster seu a ser retirado de um outdoor gigante, acaba por sofrer um grave acidente. No hospital, um jovem médico Troy (Oscar Lesage) entrega-lhe uma pen sobre o produto “The Substance”.

O filme tem cerca de 2h20m, o que dá-lhe imenso espaço para se desenvolver da melhor forma, e a verdade é que a realizadora não desperdiça um único segundo. A cada minuto, exploramos a mente de Elisabeth na sua autocrítica e na sua vontade de ter “uma melhor versão de si mesma”.

Explorando as vantagens e desvantagens da “Substância”, Elisabeth vai se debatendo durante uma boa parte do primeiro ato se será melhor aceitar ou não. Mas enfrentando todos os dias um mundo misógino, que apesar de estar em grande forma, devido à sua idade, não lhe dá as oportunidades que merece apesar de ser uma vencedora de um Oscar e uma estrela de Hollywood. Uma visão um pouco exagerada da realidade, mas com um pingo de verdade para reforçar o ataque às produtoras machistas de hoje em dia.

Coralie Fargeat sabe explorar este conceito bem, misturando-o um pouco com o terror psicológico e com “algum” gore à mistura que começa quando a versão “melhorada” de Elisabeth sai do corpo da mesma a partir das costas numa cena agoniante tanto para a personagem como para o espectador. É aqui que somos apresentados a Sue (Margaret Qualley), uma versão mais jovem de Elisabeth que tem todos os sonhos e oportunidades pela frente.

Esta dupla dinâmica apesar de contracenar pouco, é uma excelente escolha por parte do diretor de elenco que conseguiu juntar duas atrizes que se não tivessem aparências diferentes, poderia-se afirmar que eram a mesma pessoa com atuações diferentes. Aqui não existe aquela estranheza de serem duas pessoas diferentes, apesar da personagem ser a mesma. É um equilibro de essência bastante bom.

Já no 2º ato do longa, vemos as mudanças entre vidas que Elisabeth toma enquanto é a sua versão mais velha e a sua versão mais nova. As regras são claras, nenhuma das versões pode durar mais do que 7 dias. Mas como estamos a falar de um filme de terror… Isso não acontece. Então, aqui é que começa tudo a complicar-se.

Marcas permanentes começam a aparecer na versão mais velha de Elisabeth, visto que a sua versão mais jovem, por ter uma vida toda pela frente e ser irresponsável, abusa dos 7 dias e chega sempre a tomar mais um pouco. As consequências ao ínicio são “leves”, mas à medida que a versão mais jovem vai conseguindo fama e vai querendo ficar mais na “realidade”, a versão velha sofre as consequências que começam a torná-la num monstro.

Encaminhando-nos para o 3º ato, vamos vendo um confronto entre as versões, onde de um lado a versão mais velha vai querendo controlar o tempo da versão mais jovem para não ficar totalmente deformada, enquanto a versão mais jovem vai se tornando mais rebelde querendo apenas aproveitar a fama e todas as oportunidades que lhe estão a dar.

Depois de muito desenvolvimento, o final do filme apresenta um capítulo completamente diferente do que o espectador poderia esperar no início. Nos primeiros minutos, o espectador pensa que vai ver um filme de terror com um subtema sensível que fala na sociedade misógina e como ela trata as mulheres de meia idade injustamente, mas no final, o espectador acaba por ver daqueles filmes dos anos 80 totalmente gores, cheio de sangue e com monstros à solta pela cidade. É uma mistura muito interessante que muitos até não podem gostar, mas eu, enquanto amante deste tipo de filmes, fiquei bastante surpreendido e gostei imenso por ter experienciado este final daqueles filmes que já não se vê há muito no cinema. Analisando do ponto crítico, as duas partes não têm muita conexão e apenas é uma violência exagerada que apesar de ter um sentido é muito longa. Mas a construção que levou a esse momento é muito engraçada de se ver e não está completamente fora do tom. É um final muito subjetivo.

Partes Técnicas:
A banda sonora é um fio condutor deste filme que ajuda no desenvolvimento do terror psicológico. A iluminação e a fotografia compartilham imensas cenas bonitas e contribuem para um realismo mais sincero deste tipo de conteúdo.

Veredito final:
No geral, “The Substance” é um filme muito bom, com certeza dos melhores filmes de terror do ano que irá levar imensas nomeações e prémios para casa. As atuações das atrizes principais são fenomenais, contribuindo para um filme muito sincero e realista, que apesar de ter-se diversificado no final, tem uma mensagem super poderosa e muito pouco falado atualmente. Em conjunto com as componentes técnicas, é um filme sólido que mostra a podridão de hollywood. É um excelente filme para ver nesta spooky season.

9/10

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