Home SériesSéries - StreamingHBO MaxThe Pitt – Crítica Série

The Pitt – Crítica Série

by Francisco Barreira

A vida são 2 turnos. E respira…

É com este sentimento que The Pitt nos deixa a cada minuto passado nas trincheiras, perdão, no Pittsburgh Trauma Medical Hospital. Foram precisos 15 episódios para retratar com fidelidade o caótico dia que se abateu sobre as pobres almas a quem chamam médicos e enfermeiros.

The Pitt não faz qualquer tentativa no sentido de reinventar a roda da ficção medicinal. Foi, aliás, uma adaptação de ER, que acabou por se transformar numa das grandes produções de 2025.

O dia começa com relativa normalidade em Pittsburgh, com a introdução de novos internos ao serviço de urgências, que caminham numa linha ténue entre a ânsia e o desejo de cumprir um sonho. 

Não há 2 dias iguais num hospital, mas não há livros nem aulas que pudessem preparar estes jovens para uma batalha desta dimensão. Um dos maiores sucessos de The Pitt é não ter medo de se debruçar sobre as maiores problemáticas que se abatem sobre a América nestes tempos conturbados. E quem sofre com isso muitas vezes é quem mais quer ajudar.

A série não teme em condenar o fator psicológico que eventos como desinformação, tiroteios e a crescente descredibilização da medicina impactam os profissionais de saúde no dia a dia. 

A resiliência destas equipas é absolutamente basilar para o funcionamento da série. Nem sempre há tempo para lidar com a inevitável morte de alguns pacientes, especialmente enquanto existirem outros em situação de risco. Nem sempre há tempo para realizar todos os exames ou procedimentos necessários para salvar uma vida, mas o que nunca falta é a clarividência para fazer reset e passar ao próximo salvamento. 

Os diálogos são rápidos, técnicos e intensos, muitas vezes com mais subtexto do que palavras. A série mostra a medicina como ela é: incerta, cronometrada, desesperada, mas profundamente humana.

A fadiga psicológica é abordada um pouco por todas as 15 horas de serviço, mas em ocasião alguma é tão evidente como nos flashbacks que o Dr. Michael Robinovich (Noah Wyle) sofre sempre que se vê perante uma decisão complicada. Nesses momentos, é obrigado a rever todas as terríveis escolhas que foi forçado a tomar durante o início da pandemia do COVID-19. 

Surpreendentemente, The Pitt apresenta alguns momentos mais leves para afastar os males da tragédia. Desde a luta do jovem Dr. Dennis ( Geran Howell) em manter uma bata limpa ou um paciente que tem a certeza de que sofre de uma maleita que viu no TikTok. São pequenas pérolas que acabam por dar uma oportunidade de descanso daquela que é uma narrativa com um ritmo muito intenso. 

O regresso de Noah Wyle, lendário pelo seu papel em ER, é mais do que um aceno nostálgico, é uma passagem de tocha. Depois de 16 anos de hiatus, é, agora, como médico veterano e clínico, um elo entre a tradição e a nova geração de internos. A sua performance é contida, mas carregada de gravidade, como alguém que já viu demais para se surpreender.  Ele sabe o peso da responsabilidade que carrega, e a importância de a passar aos internos — não para os assustar, mas para os preparar, sempre com uma mão firme e outra pronta a amparar. 

9/10

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