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The Pianist: Uma análise relevante sobre o Holocausto

by João Pedro

Contexto. Perspetiva. Rescaldo. Estas são algumas das palavras que me surgem em mente quando vejo “The Pianist”, de Roman Polanski. O filme é uma representação muito forte das sensibilidades que prevaleceram durante o Holocausto.

Em “The Pianist”, o contexto torna-se desmesuradamente importante. Frequentemente, as narrativas históricas podem tornar-se tendenciosas ou, na melhor das hipóteses, unilaterais.

Ao longo do tempo, a abordagem americana sobre as guerras mundiais dominou a Academia, mas também a indústria cinematográfica. A guerra, por mais terrível que seja, torna algumas pessoas bastante ricas. E, no caso de Hollywood, continua a fazer enriquecer certos realizadores.

Embora existam alguns filmes que se destacam pela qualidade inexorável, muitos exaltam enredos demasiado fictícios.

Por vezes, a guerra parece uma razão justa para resgatar o mundo e parece que tudo tem de ficar bem justificado. Porém, há uma narrativa completamente diferente, e que analisa a vida de um sobrevivente.

E este sobrevivente não é retratado como um herói sublime, como na típica abordagem americana.

De alguma forma, sobreviveu ao fugir, e não lutou contra a injustiça. As feridas infligidas são permanentes e nada volta ao normal quando a guerra termina. Não há medalhas de honra nem celebração dos heróis da guerra, apenas uma sensação de perda profunda.

“The Pianist” revela dois sobreviventes do Holocausto – Roman Polanski e Władysław Szpilman (Adrien Brody).

O filme tem início com uma peça brilhante de Chopin, interpretada por Szpilman, que é pianista numa estação de rádio polaca . A Polónia tinha acabado de ser atacada pela Alemanha, e podemos ver como é que isso afeta a vida de Szpilman e da família. O filme incide na história de um homem que sobreviveu aos horrores do Holocausto por pura sorte e desespero.

© 2002 – Focus Features – All Rights Reserved

A violência é bastante gráfica ao longo da obra, todavia, existe um propósito claro. Polanski tem uma história difícil para contar, mas a sua arte prevalece

Uma cena particularmente comovente do filme é quando a família de Szpilman partilha um caramelo antes de ser enviada para o campo de concentração. O sentimento profundo das famílias destruídas é de partir o coração, e, por conseguinte, somos quase obrigados a refletir sobre toda esta crueldade.

Adrien Brody oferece um desempenho de se tirar o chapéu. A sua transformação em pianista suave, num esqueleto desolado, e desesperado pela sobrevivência é notável.

No entanto, por vezes, surge uma certa queda para a monotonia. Também é visível uma falta de senso de drama que, embora seja um retrato arrepiante, dá à narrativa uma pausa.

A meu ver, uma coisa em particular que parece faltar é a reação de Szpilman ao homicídio da família e das perdas em geral. Ele parece estar completamente embriagado com tudo o que aconteceu.

A única reação poderosa que exalta é quando interpreta ‘Ballade No. 1 em sol menor’, de Chopin, uma reminiscência da sua vida anterior como pianista, em forte contraste com a vida que a guerra decidiu oferecer-lhe.

© 2002 – Focus Features – All Rights Reserved

A cinematografia é de primeira qualidade. A sensação de arrasto em algumas partes, devido à menor tensão visual, torna a história mais sensível e real.

“The Pianist” tem uma história difícil de contar, especialmente por ser perentoriamente biográfico. Durante a infância, Polanski viveu em Cracóvia, e, na nota de intenções deste filme, confessou que sempre quis conceber uma obra sobre este período da História.

A ironia em vários pontos do filme é evidente. A guerra tem um efeito estranho sobre as pessoas.

A demanda de Szpilman, de pianista de sucesso a sobrevivente entorpecido, é a prova disso. O filme termina com uma nota positiva. Mostra a natureza transcendente e unificadora da música e da arte.

Na minha opinião, este filme continua a ser uma das melhores obras de Polanski, e também a mais tocante. O filme tem algumas falhas, mas como é que o relato verdadeiro de um sobrevivente do Holocausto podia ser totalmente perfeito?

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