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The Midnight Sky: Um argumento com potencial para mais

by Beatriz Silva

Depois do seu último filme em 2016 (Money Monster), George Clooney protagoniza e realiza o novo filme da Netflix nesta reta final do ano, “The Midnight Sky”. 

Numa mistura de “The Revenant” (não fosse ter o mesmo argumentista) e de “Gravity” (em que Clooney entrou), “The Midnight Sky” traz-nos mixed feelings porque até é bastante impactante visualmente mas falta profundidade ao argumento.

O filme apresenta-nos o rescaldo de uma catástrofe global em que o famoso cientista Augustine Lofthouse, que tem cancro em estado terminal, decide ficar na Terra. Mas ao perceber que uma nave que estava em missão para descobrir um novo planeta está a regressar a casa, ele sente-se na obrigação de arranjar forma de comunicar com eles para impedir esse regresso.

Pois bem, é inegável que George Clooney já nos proporcionou interpretações fantásticas e que já foi um nome que andou na berra em Hollywood. Quanto a este seu regresso, ele traz-nos um homem em isolamento no meio deste acontecimento global, já com bastantes problemas devido ao cancro mas com esperança suficiente para atravessar e enfrentar tempestades de neve para encontrar uma antena mais forte.

Não posso dizer que desgostei da interpretação dele. Um homem conformado com o seu isolamento, não tivesse sido decisão dele, mas ainda a lidar com os traumas do seu passado de ter apostado mais na sua carreira do que numa família (sendo que teve oportunidade para tal).

THE MIDNIGHT SKY (2020)
George Clooney as Augustine. Cr. Philippe Antonello/NETFLIX ©2020

Em termos visuais, há uma cinematografia muito boa a juntar tudo, sendo que temos o espaço, a nave Aether, as tempestades de neve e toda a envolvência visual no meio do Ártico muito bem conseguidos. Contudo, tudo isto acaba por ser desperdiçado com uma banda sonora que, infelizmente (porque é algo que me diz muito num filme) não me impactou muito durante o filme (e acreditem que tenho pena de dizer isto porque adoro as bandas sonoras do Alexandre Desplat).

Quanto ao argumento, nós acompanhamos tanto este isolamento de Augustine, como tudo o que está a acontecer naquela nave com diálogos meio arrancados a ferros, sem grande exploração ou profundidade das personagens. Pouco sabemos das condições da Terra, das pessoas que foram evacuadas, das vidas dos astronautas excepto pelas memórias que os mesmos un reproduzem através de hologramas, do próprio Augustine… Ficamos com uma vaga ideia de várias coisas mas fica e cabe à nossa imaginação tudo o resto para completar os gaps.

Com isto, acho que o talento de Felicity Jones, que acaba por ter bastante destaque neste filme, David Oyelowo, Tiffany Boone, Deminán Bichir e Kyle Chandler foi desperdiçado porque o argumento não lhes deu grande coisa com que trabalhar. E quando nos apercebemos, estamos a chegar aos últimos vinte minutos de filme que foi quando finalmente pensei que vinha aí algo melhor e… o filme acabou.

THE MIDNIGHT SKY (2020)
Felicity Jones as Sully. Cr. NETFLIX

Contudo, até consegui gostar do desfecho final, não tanto porque eles nos deram grande coisa para gostar, mas porque como foi em estilo mais aberto e lá está, deixou à nossa imaginação, foi engraçado perceber algumas ligações que estiveram lá o filme todo mas só nos apercebemos no final.

Resumindo, podia ter sido um grande projeto de realização e um grande comeback de George Clooney mas não foi a maneira certa de o fazer. Podia ter sido um filme com interpretações fantásticas dos elementos da nave se o argumento o tivesse permitido. Tirando isso, é visualmente bonito, dando um toque de sci-fi a um cenário pós-apocalíptico mas apesar disto, tudo o resto acaba por ficar na categoria de “tinha potencial para mais”.

Mas que deixou uma ponta de curiosidade para ver como é o livro de onde é adaptado… lá isso deixou.

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