Depois de The Lobster e The Killing of a Sacred Deer, Yorgos Lanthimos está de volta com The Favourite (A Favorita) que conta com Olivia Colman, Rachel Weisz, Emma Stone e Nicholas Hoult e conta com 10 nomeações para os Óscares, sendo um dos filmes mais nomeados.
Primeiro que tudo há que realçar que tanto The Favourite como Roma, dão foco, poder e enaltecem as mulheres e que são os dois filmes mais nomeados para os prémios da Academia.
The Favourite leva-nos para o século XVIII, em plena guerra entre Inglaterra e França e traz-nos a história da rainha Anne Somerset, brilhantemente interpretada por Olivia Colman, e de duas mulheres que tentam conquistar a atenção dela à força toda.
Uma delas é Sarah (Rachel Weisz), tratada por Lady Malborough, que começa no topo, sendo o braço direito da rainha – devido ao facto de se conhecerem desde pequenas – e rapidamente vai ficando para trás. Outra delas é Abigail Hill (Emma Stone) que começa por baixo e rapidamente também vai conquistando o seu lugar ao lado da rainha, destruindo Sarah, a sua prima.
Começo já por elogiar a mãos largas estas três mulheres que levaram este filme e tudo o que ele representa da melhor maneira possível.
Desde o início do filme que vemos Rachel Weisz e a sua personagem Sarah a ganhar terreno ao ser ela a resolver todos os assuntos de estado por ser super próxima da rainha. SUPER íntima é a expressão correta. Isto porque a rainha está constantemente doente e instável.
Abigail surge como criada e cai nas boas graças de Sarah, sua prima, e vê nesse apoio dela uma maneira de se aproximar da rainha para posteriormente cair também nas boas graças da mesma.
É super interessante ver como é que tanto Sarah como Abigail se vão aproveitando uma da outra e as duas da rainha mas sempre com táticas diferentes. Enquanto Sarah é honesta que dói, Abigail encanta a rainha principalmente por tratar bem dos coelhos da mesma.
E embora este filme seja sobre o “poderio” das mulheres, claro que teria de haver homens igualmente de pé firme nesta longa metragem que é, claro, Nicholas Hoult, cuja personagem tenta ganhar confiança com Abigail para conseguir mudar as ideias da rainha sobre a guerra para salvar o seu povo.
Yorgos Lanthimos tem um jeito bem peculiar de fazer as coisas. É certo que não vi muitos dos seus filmes mas alguns estilos que ele utilizou neste The Favourite deixaram-me maravilhada.
Desde aos planos em fish eye, como a abordagem de diversos ângulos, até mesmo em planos mais gerais, a atenção ao pormenor e a preocupação com o ambiente é fantástico neste filme.
Já para não falar da cinematografia que só pelas imagens do filme já se previa muito boa, mas depois de ver o filme então, digo mesmo que está estonteante e é sem dúvida um dos grandes pontos positivos do mesmo.
Bastante interessante também foi a maneira como Lanthimos utiliza as citações – algumas delas bastante intrigantes – e capítulos para dividir o filme.
Até mesmo a banda sonora acompanha muito bem todas as cenas que estamos a ver. Há músicas arrepiantes, há outras que puxam para a intensidade e tensão das cenas, outras que representam o lado mais sarcástico também em alguns diálogos.
É daqueles filmes em que a música e o argumento trabalham muito bem em conjunto e é simplesmente delicioso assistir a isto, visto que a banda sonora é realmente o que traz muita da qualidade ao filme.
E claro, a ajudar isto tudo, todo o guarda-roupa, cabelo e cenário ajudam muito a que sejamos transportados para uma Inglaterra no séc. XVIII.
Ao início é daqueles filmes que não estamos nada habituados a ver e estranhamos. Rimos mas ficamos com aquela sensação de “o que estou a ver está a ser giro e estranho”. Mas rapidamente o filme se torna interessante e as histórias que o compõem agarram-nos ao ecrã.
Ficamos confusos mas também elucidados com o final e saímos do cinema com um sorriso na cara. É, sem dúvida, um filme que têm de ver nesta que é a corrida aos Óscares deste ano.