A temporada 5 de The Crown chega à Netflix pouco tempo depois da morte da Rainha, figura na qual a série se baseia. Por isso mesmo, esta temporada carrega consigo mais emoção pelos acontecimentos recentes, ao mesmo tempo que carrega muita tensão e drama pelos anos retratados, entre eles o que ficou conhecido como o annus horribilis para a família real.
Esta temporada retratou os acontecimentos entre Julho de 1991 e Julho de 1997, como as entrevistas dadas pela Princesa Diana e o lançamento do livro sobre o seu casamento; o divórcio dos três filhos da Rainha: Anne, Edward e Príncipe Charles; a mudança de Primeiro Ministro de John Major para Tony Blair; o incêndio no Castelo de Windsor, entre outros que trazem muita tensão, drama mas também um ligeiro abrandamento do ritmo nos 10 episódios.
Com esta década, surge também uma mudança de elenco, com Imelda Staunton a assumir o papel de Rainha, Jonathan Pryce o de Princípe Phillip, Elizabeth Debicki é a nova Princesa Diana com Dominic West a representar o Príncipe Charles. A Princesa Margaret é agora interpretada por Lesley Manville e Olivia Williams representa Camilla Parker Bowles. Um elenco conhecido e que reforça esta evolução dos anos que passaram desde a quarta temporada.
Se leram as minhas críticas das temporadas anteriores, certamente sabem o apreço que tenho por esta série. Não só em qualidade mas na capacidade de nos fazer ter a Wikipédia aberta ao lado para acompanharmos todos os eventos, ou por outras palavras, por nos fazer despertar o bichinho de sabermos mais sobre a família real e “entrarmos” um pouco na casa deles.
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E em todas as temporadas, fiz o meu merecido binge watch, terminando-as passado dia e meio. Isso não aconteceu desta vez. Acredito que tenha sido das temporadas mais difíceis de se fazer devido aos temas sensíveis que nela são representados e isso nota-se claramente quando estamos a assistir aos episódios, tornando-a também na mais morosa de se ver.
Atenção, ela não perdeu qualidade em nada, mas como há tanta tensão, emoção e sensibilidade ligadas às temáticas representadas, acaba por se refletir na disposição com que o espetador vê os episódios. Desta vez sentia que via um e tinha de parar um pouco para conseguir ter cabeça para o que vinha a seguir, especialmente sabendo a ordem dos eventos. Como tal, acabei por demorar uma semana a ver todos os episódios.
Por outro lado, é ótimo podermos continuar a recordar a rainha, especialmente quando há momentos na série em que se refere ao comportamento que Charles tem de ter porque é o próximo a reinar e, na vida real, já termos efetivamente isto a acontecer.
Também foi inevitável estarmos com a curiosidade aguçada ao longo da temporada, porque foi efetivamente marcada pelo final da relação de Charles e Diana e bom, todos contávamos ver algo relacionado com a morte da Princesa mas a série decidiu adiar esse evento para a sexta temporada. Mesmo se calhar não tendo sido por causa dos acontecimentos recentes, porque a série já estava encerrada antes disso, acabou por resultar bem no sentido em que a morte da rainha foi algo muito triste para Inglaterra e ninguém queria recordar outra das mortes mais tristes para o povo inglês.
Nas minhas críticas, gosto sempre de elogiar o elenco. Imelda Staunton teve um grande peso de responsabilidade porque está a representar a Rainha numa década que não foi nada fácil para ela, mas também havia muita gente que não a consegue ainda desassociar por completo de uma das personagens mais icónicas da atriz: Dolores Umbridge. Ela fez um excelente trabalho, conseguindo manter o humor da rainha mas também transmitir um pouco do que podem ter sido os sentimentos dela perante aquela década. O próprio Príncipe Phillip acabou por ganhar novamente destaque nesta temporada, por rumores que existiram na altura e que podem (ou não, conforme a veracidade) ter abalado a Rainha.
Dominic West foi imponente como Príncipe Charles, trazendo rispidez de uma forma até carismática, mas também mostrando todo o trabalho que o atual soberano foi fazendo ao longo dos anos como, por exemplo, a criação de fundos que ainda hoje ajudam milhares de pessoas e que nem sempre é muito falado.
Elizabeth Debicki também surpreende como Princesa Diana, segurando muito bem o barco de excelência deixado por Emma Corrin. Nem sempre é fácil interpretar a Lady Diana Spencer, mas tanto uma como outra fizeram um excelente trabalho, sendo que Debicki ainda nos vai poder surpreender por mais um ou dois episódios, uma vez que a quinta temporada termina um mês antes da morte de Diana.
Resumidamente, a série continua a entregar-nos episódios de excelência, claro que com o seu toque de ficção mas marcando os principais eventos da família real, de forma a que possamos compreender melhor a história da Rainha mas também do próprio Charles, o atual Rei da Inglaterra.