Civil Dead conta-nos a disfuncional vida de Clay (interpretado por Clay Tatum que por sua vez é também o realizador do filme). Fotógrafo e sem trabalho corrente, Clay recorre a várias formas rebuscadas para conseguir dinheiro para pagar a renda, sem que a sua namorada saiba destes esquemas ilícitos. Aproveitando o facto da namorada estar fora da cidade em trabalho, Clay segue o conselho desta em tirar fotos por Los Angeles de maneira a ganhar qualquer tipo de inspiração. Ao entrar num parque abandonado para tirar uma foto inspiradora, Clay é surpreendido por por Whit (interpretado por Whitmer Thomas, que é também co-argumentista do filme), um amigo do passado de Clay que este quase não se recordava da sua existência.
Clay convida Whit a ir tomar um copo a sua casa e aí deparamos com vários comportamentos deste que são um pouco estranhos. É então que Whit conta a verdade a Clay, que é um fantasma e só este o pode ver. Whit expressa a sua felicidade por encontrar alguém que o veja e com quem possa falar…o único problema é o pragmatismo de Clay, que ao invés de se assustar fica mais incomodado pela falta de privacidade que Whit provoca em todas as situações do dia-a-dia.
Este pragmatismo de Clay é o tema central do filme, tornando-o uma personagem completamente imprevisível e por muito que mostre um mínimo afecto pela situação de Whit, rapidamente pode transformar numa maldade ao seu amigo. Exemplos disso é quando Whit explica todas as vantagens e limitações da sua condição, Clay leva-o para um jogo de poker para saber as cartas dos concorrentes por outro lado, o facto de ser fantasma, Whit não consegue abrir portas o que faz Clay fechá-lo no carro a noite toda e fantasmas não dormem…
O filme é lento e ao princípio não sentimos qualquer tipo de ligação com as personagens, vamos ganhando à medida que este avança e quando começamos a gostar de Clay este faz qualquer coisa a Whit e aí voltamos à estaca zero no elo de ligação com a personagem. O que faz com que a própria estrutura do filme não seja sólida para a reviravolta final, pois de tantas maldades de Clay…o final é apenas previsível.
Este problema pode estar associado ao facto de ser a primeira longa-metragem do duo e adaptar a experiência de curtas-metragens e sketches a um filme de duas horas por vezes não é fácil.
O final não passa mais do que um plano um pouco mais elaborado de Clay para se livrar de Whit, é previsível mas mais negro, contudo o inicio do filme dá indicações que talvez haja esperança para o pobre fantasma que só queria ser amigo, o que tira peso a todo o negrume da ultima cena.