Baseado em “Falling Upwards: How We Take to the Air”, a obra de Richard Holmes, “The Aeronauts” (Os Aeronautas) junta Eddie Redmayne e Felicity Jones, a dupla de ouro de “Theory of Everything”. Embora seja uma aventura histórica simplificada, o filme compensa pela emoções empregues, numa jornada de dois heróis pelos céus.
Em setembro de 1862, James Glaisher fez uma viagem de balão em tempo recorde. Glaisher foi anexado ao Observatório de Greenwich e via o balão como um meio para entender melhor o clima e o meio ambiente.
Inicialmente, o cientista não amealhou apoio ou interesses de outrem para o seu projeto. Glaisher pretendia analisar de perto múltiplos processos atmosféricos, e encontrar novos meios de modo a prever condições meteorológicas. Todavia Amelia Renne, uma balonista profissional, concorda em embarcar na aventura.
A narrativa avança num ritmo constante, e vai alternando entre o passado e o presente. As cenas de voo apresentam vistas panorâmicas que são concebidas de forma brilhante sobre a Londres na década de 1860, ao mesmo tempo que os flashbacks preenchem a história de Glaisher e Renne.
Com o argumento de Jack Thorne (que entre este filme e o seu trabalho em “His Dark Materials”, da HBO, parece ter uma paixão por histórias que envolvem veículos voadores da era vitoriana), “The Aeronauts” é um conto simples, porém agradável, de desdém, onde os heróis precisam de superar os elementos e obstáculos inesperados inúmeras vezes.
Há uma boa mensagem no coração da longa-metragem sobre a importância de seguir em frente (se isso significar abraçar o progresso científico ou recuperar na sequência de perdas pessoais), mas, é certo, nunca se aprofunda nisso. Por sua vez, permite que o filme mantenha um ritmo rígido e uma sensação leve, à custa de ser uma peça de narrativa mais significativa.
Efetivamente, o filme causou alguma controvérsia entre os historiadores, que apontaram inúmeras imprecisões no enredo.
Amelia Renne é uma invenção completa, substituindo Henry Coxwell, o piloto que, de facto, acompanhou Glaisher. Da mesma forma, Glaisher tinha 53 anos na altura em que efetuou a viagem, algo que se torna pouco credível com a performance de Redmayne.
No entanto, esta alteração é simplesmente usada para acomodar um interesse romântico por Glaisher. De qualquer forma, o filme nunca pretende ser um documentário histórico, ou seja, é somente “inspirado” em factos reais.
Redmayne e Jones têm uma química natural quando contracenam juntos, tal como vimos em “The Theory of Everything”.
No terreno, James quer ser levado a sério por outros cientistas e desespera com o fato de Amelia nem sempre levar a demanda a sério. Porém, existe essa dinâmica ao longo da viagem porque James pretende arriscar as suas vidas em nome da descoberta e do conhecimento, enquanto que Amelia era mais cautelosa devido à sua experiência.
Não obstante ao facto de ser visualmente deslumbrante, Tom Harper criou só mais um filme de sobrevivência / exploração (na veia de “Gravity” e “Adrift”), onde os personagens recorrem à inteligência, experiência e tudo o que têm à mão para sobreviver. Em “The Aeronauts”, os personagens sobem pelos céus ao invés de ficarem presos no espaço ou no oceano.
No final, esta longa-metragem acaba por servir de vitrine para os talentos de Harper, sendo que seria fácil vê lo assumir o leme de um filme de “Harry Potter” ou “Pirates of the Caribbean”, contudo, o argumento não deixa que o balão suba em esplendor.