“Westworld” é uma das minhas séries favoritas. Apaixonei-me pela primeira temporada e, aparentemente, permaneço em minoria na condição de alguém que apreciou a natureza confusa da segunda, com os seus quebra-cabeças fascinantes. No que toca à terceira temporada, “Westworld” oferece um trabalho ambíguo.
Por um lado, com a chegada da terceira temporada, “Westworld” parece melhor do que nunca. A cenografia faz com que este mundo futurista ganhe vida de forma soberba, ao mesmo tempo que a banda sonora de Ramin Djawadi ajuda a alimentar este universo.
Em contrapartida, esta é uma daquelas temporadas que são agradáveis no momento, mas que, quando analisamos o rumo da história, acabamos por evidenciar falhas gritantes.
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A história em si é ambientada 3 meses após os eventos das duas primeiras temporadas. Dolores surge no meio da neo-Los Angeles em 2058, armada com várias “pearls” (os chamados chips de processamento para diferentes hospedeiros no parque) e está determinada em destruir a humanidade.
É um mundo totalmente novo, e Dolores encontra-se no meio de um conflito com um homem poderoso chamado Serac, que pede a ajuda de Maeve, que ainda está no parque, mas desta vez, ao participar num cenário da Segunda Guerra Mundial que envolve nazis. Enquanto que Serac monta uma equipa para perseguir Dolores, a protagonista recruta Caleb, que tem o seu próprio passado sombrio.
Ao longo da temporada, encontramos personagens familiares como Bernard, Charlotte e William, todos com os seus próprios papéis a desempenhar, que culminam num final desanimador e anticlimático que, para além de não resolver os problemas, ainda oferece mais perguntas do que respostas. Para além disso, alguns dos personagens parecem estar a ser preparados para um grande momento durante o final da temporada, mas não conseguem atingir essa expectativa.
O arco em torno de William aparenta simbolizar um desfecho satisfatório, todavia, uma cena final desfaz muito do trabalho feito previamente. Não vou divulgar o que acontece exatamente para evitar spoilers, mas basta dizer que a série dá algumas voltas drásticas antes da quarta temporada.
No papel, a ideia de ver um Golpe de Estado administrado por robôs, bem como a tentativa por parte dos humanos de impedir esse ataque maníaco, é um cenário certamente apetecível. Com uma caixa de quebra-cabeças velada para decifrar, “Westworld” falha em fornecer um final convincente, visto que se transforma num mero filme ação/ficção científica, ao invés de assumir o seu papel de série instigante sobre moralidade e Inteligência Artificial.
Em parte, é por isso que a terceira temporada acaba por fracassar. Há momentos individuais excelentes e revelações chocantes que tornam alguns dos episódios sólidos e agradáveis no momento, mas com uma narrativa vacilante e abrangente cheia de buracos e questões pouco lógicas.
Charlotte e William são indiscutivelmente os dois personagens mais interessantes, e ambos possuem as cenas mais fortes de toda a temporada. Também é irónico que estes episódios, a meu ver, mais fortes, não apresentem muito Dolores ou Caleb, os dois protagonistas por quem deveríamos torcer.
Eu adoro “Westworld” e, para mim, a primeira temporada continua com um 10/10 sólido. É uma das melhores séries de ficção científica que já foram feitas em televisão. Só que, na tentativa de capturar um raio sublime numa garrafa de popularidade, a HBO fez com que “Westworld” seguisse o mesmo caminho da 8ª temporada de “Game Of Thrones”, que, entretanto, já entendi e vislumbrei como foi processada.
Embora não esteja exatamente nesse nível de desvio do enredo e má gestão de personagens, o mundo sombrio e distópico de “Westworld” é um reflexo das suas próprias perspectivas para o futuro. Deixo os meus votos para que 4º temporada consiga trazer o fulgor e o encanto que vi no primeiro conjunto de episódios da série.