Nove anos depois daquele que para muitos de nós tinha sido um final emotivo e perfeito para Andy e Woody, a Pixar oferece-nos um “Toy Story 4” que ninguém pediu, mas que todos vão adorar!
Foi com estranheza que recebemos a notícia que um novo Toy Story estava em desenvolvimento, mas se há algo que aprendemos sobre a Pixar, é que esta só investe em sequelas se realmente valerem a pena (excepto Cars, em que a venda de merchendising “obrigou” ao desenvolvimento de 2 sequelas que ficam alguns furos abaixo do selo de qualidade Pixar).
Contudo o que mais surpreende mesmo é arriscar numa sequela após um final perfeito no capítulo anterior, em que tudo parecia ter ficado resolvido para um final definitivo e harmonioso que nos fez sair do cinema num estado emocional que, nos dias que correm, poucos filmes conseguem transpor.
Mas desenganem-se os mais cépticos! Com Toy Story 4, a Pixar mostra mais uma vez que é a referência no género!
Toy Story 4 apresenta-nos um Woody que já não é mais o líder desde que foi oferecido à sua nova dona, o que faz com que o pequeno cowboy enfrente uma crise existencial.
O papel de líder é agora interpretado por uma boneca de seu nome Dolly, contudo Woody não desiste do propósito de um brinquedo, ou seja, fazer uma criança feliz. Até que chega o primeiro dia de escola de Bonnie, a nova dona de Woody, e este não corre de feição, visto não ter feito novos amigos. Sozinha, Bonnie cria um brinquedo a partir de um garfo de plástico e mais alguns utensílios do dia-a-dia, dando assim vida a Forky.
Forky desde a sua criação não entende o que é ser um brinquedo e como a sua base é um garfo de plástico descartável, tem especial apetência em querer ir para o lixo, algo que Woody irá tentar impedir, mostrando-lhe que ele é o novo brinquedo favorito de Bonnie.
E assim, sem darmos conta, Woody volta a assumir o protagonismo de responsável do grupo. Ao mesmo tempo vai tentando incutir o que é este grande valor a Forky, vai fazendo uma reflexão sobre o seu papel para com Bonnie e para a comunidade de brinquedos que liderava.
Para além desta situação, a outra personagem principal de Toy Story, Buzz (que talvez tenha menor tempo de antena do que o esperado), cria autênticos momentos hilariantes em busca da sua voz interior, tentando compreender como é que Woody consegue arranjar solução para tudo.
As novas personagens são autênticas adições de luxo: temos a vilã Gabby Gabby que irá fazer de tudo para capturar Woody quando esta descobre que o pequeno cowboy tem algo que ela quer muito ou até mesmo Duke Caboom, interpretado por Keanu Reeves, um motoqueiro que vive o drama dos anúncios de televisão de brinquedos.
Mas o grande destaque das personagens são, sem dúvida, Ducky e Bunny que à primeira vista são brinquedos fofinhos, mas têm uma mente altamente louca ao ponto de quererem acabar com aquele momento em que um brinquedo tem de fingir de morto quando um humano se aproxima…
De realçar ainda o regresso de Betty que mostra ser uma personagem resolvida e que sabe perfeitamente quais são os seus objetivos, dando ainda um certo Girl Power a esta saga.
O argumento é irrepreensível e mesmo havendo várias coisas a acontecer ao mesmo tempo, o filme nunca perde o ritmo e arranja sempre pontos de interesse, mantendo o espectador sempre a querer mais!
Toy Story 4 é irrepreensível no seu todo. É difícil apontar falhas e é um autêntico manual de como as sequelas deveriam ser feitas para as outras sagas de animação, provando também que mesmo se a história for boa, há sempre espaço para uma sequela e nós aguardamos, mesmo não esperando, pela próxima!
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