The Adam Project é o filme que chega à Netflix nesta sexta-feira, dia 11 de março, e que conta com Ryan Reynolds como um dos protagonistas. O filme tinha grande potencial mas perde-se em viagens no tempo sem perder tempo a explicá-las.
The Adam Project é realizado por Shawn Levy, que regressa à cadeira de realização com Ryan Reynolds como protagonista, depois do seu fantástico trabalho em Free Guy. Mas esta nova aventura dele, que envereda pelo sci-fi com comédia, aventura e ação, simplesmente não atingiu o potencial que podia ter. E a realização nem é o meu principal problema com este filme.
O filme começa em 2050 com Adam Reed, interpretado por Ryan Reynolds, a tentar fugir para o ano de 2018 mas acabando em 2022, ano em que estamos atualmente. Aí conhece a sua versão de 12 anos, interpretado por Walker Scobell, que faz questão de lhe dizer várias vezes que a sua versão mais velha trocou o cérebro por músculos, porque realmente às vezes é o que parece.
Free Guy é um ótimo exemplo do tipo de comédia em que gostamos de ver Ryan Reynolds, em que não parece forçado, aliás, está mesmo na praia dele. Mas quando vi o trailer deste filme, sabia que íamos ver mais do mesmo de Ryan, como vimos em Red Notice e em tantos outros filmes antes disto, não fosse ele interpretar aqui um miúdo mais sassy na forma de falar mas com um lado mais emocional muito devido à idade. Mas para além de vermos uns quantos movimentos de luta com uma mistura de sci-fi e várias referências a Star Wars, Terminator e assim, vemos também o mesmo tipo de piadas verbais e a mesma comédia física, tão caraterística de Reynolds. E não é que ele esteja mal, nada disso, até já está demasiado confortável em interpretar papéis destes.
Também acaba por sofrer de um grande problema que faz com que se torne no filme perfeito para ver ao domingo à tarde com pipocas (o que não é necessariamente mau!) que se chama argumento. Começa atabalhoado, manda umas postas de pescada sobre viagens no tempo assumindo que já todos sabemos do que se trata muito devido à Marvel (não fosse a maioria do elenco do universo da Marvel como por exemplo Gamora, Deadpool e Hulk) e a tantos outros filmes como Back to the Future, que também é referenciado, mas que no final de contas não nos diz nada de novo nem em concreto. Sim, não podemos interagir com as nossas versões do passado e tal… mas eles passam o filme a fazê-lo, a quebrar todas as regras e a sofrer as consequências só no final. Mas por incrível que pareça, tudo dá o nó na perfeição quando é altura de terminar o filme, como se o que eles andassem a fazer não tivesse tido implicações.
O bom disto tudo foi que tivemos o encontro de Jennifer Garner e Mark Ruffalo, que brilharam juntos em 13 Going 30 que agora voltam a contracenar como marido e mulher. O Walker, para a sua estreia num filme, saiu-se super bem com o seu carisma e à vontade para tanta ação e por contracenar ao lado de grandes nomes do mundo do cinema atual. Só tive pena de realmente não ver mais de Zoe Saldana porque o argumento não o permitiu, porque foi tudo uma correria e nós só estávamos a tentar acompanhar.
Os efeitos visuais não me surpreenderam nem desiludiram, até chegarmos à parte final em que insistiram em fazer CGI na Catherine Keener sem estar bem conseguido, infelizmente.
Não posso dizer que não dei umas boas gargalhadas ao ver o filme. Mas sinto que as viagens no tempo começam a ser um tema que está a ser demasiado utilizado no mundo do cinema e que nem sempre nos trazem uma grande história quando nos são apresentadas e, embora o filme seja divertido para ver como eu disse com umas belas pipocas num dia mais descontraído, se formos ao cerne da questão, não há grande coisa que retiremos. Mas nisso foi competente: é puro entretenimento que a Netflix nos deu para aqueles momentos em que precisamos simplesmente de nos abstrair da vida real.