Sicario: Day of the Soldado é a sequela de Sicario, considerado um dos melhores filmes de 2015. É um filme entusiasmante e apesar de não ser tão excelente como o original, tem o seu mérito.
Como todas as sequelas que existem no cinema, há sempre o risco de não superarem o antecessor. Embora haja alguns casos em que as sequelas conseguem repetir a fórmula mas não a tornar monótona. Aliás, Sicario: Day of the Soldado é a prova disso mesmo.
Como no primeiro filme, a emigração ilegal e os confrontos entre o governo americano e os cartéis mexicanos estão na ordem do dia. Voltamos a ver Matt Graver (Josh Brolin) que, a mando do presidente devido ao tráfico de terroristas por parte dos cartéis, coordena o rapto da filha de Carlos Reyes, um dos maiores líderes de cartéis do México, fazendo com que pareça que foi o cartel rival a fazê-lo.
O objetivo será criar uma guerra entre os cartéis. Para que isto seja possível, Matt conta com o seu sicário Alejandro (Benicio del Toro). Alejandro é um ex-advogado cuja família foi morta a mando de Reyes. Por isso, esta missão torna-se pessoal e uma maneira de ele vingar a família (como o próprio Matt refere durante o filme).
Se no primeiro filme tínhamos um Alejandro frio, neste conseguimos perceber a ligação que este tem com Isabel Reyes, interpretada por Isabela Moner. Moner está sem dúvida alguma à altura do papel. A miúda safou-se mesmo bem ao lado de dois atores de renome.
“Sicario 2” tem um pouco de tudo: tem a ação a que estamos habituados, tem o suspense, cenas de explosões impressionantes, mas ao mesmo tempo é sombrio o que nos faz lembrar a tensão que o primeiro filme nos prometeu e deu. Pode não ter Denis Villeneuve como realizador mas tem o italiano Stefano Sollima que, apesar da possível hesitação do público com a mudança, consegue fazer jus ao trabalho do brilhante Denis.
Mas não foram apenas estas mudanças que tornaram o filme diferente, o que não há problema nenhum. Sentimos logo na banda sonora que no primeiro filme tinha sido composta por Jóhann Jóhannsson e agora assume o lugar Hildur Guðnadóttir. Na minha opinião, a banda sonora do primeiro filme foi mais intensa mas não posso dizer que esta me desilude.
Já na fotografia, não houve o espetacular Roger Deakins mas não ficámos mal servidos com Dariusz Wolski – pelo contrário. Claro que não posso dizer que superou o Deakins (c’mon, estamos a falar do tipo que fez a fotografia de “Blade Runner 2049”). Mas esteve à altura para nos dar um Sicário intenso visualmente, especialmente nas cenas de noite.
Mas temos Taylor Sheridan novamente a agarrar no argumento. E é sem dúvida um dos melhores da sua (e da nova) geração. Se no primeiro filme tínhamos uma visão mais fria, neste temos completamente o oposto. Temos intensidade por parte das personagens como da ação, temos emoção, temos essencialmente a fórmula de Sicário que resulta outra vez. Isto nota-se bastante bem no final do filme que traz à cabeça logo o final do filme original.
Em suma, Sicário 2 é um filme para ver no cinema, isso é mais do que certo. Tenho a certeza que não vai desiludir os fãs do primeiro filme. Mas sejamos realistas, quando comparamos os dois, é uma sequela que é “injustiçada”. Isto porque, por mais esforços feitos, o “Sicário: Infiltrado” vai ser sempre O SICÁRIO. Embora Guerra de Cartéis tenha o seu mérito e mereça reconhecimento pelo esforço.