“Hotel Artemis” é um thriller futurístico, que chega agora aos cinemas portugueses pelas mãos de Drew Pearce, sobre um hotel para criminosos – só a premissa, tinha tudo para correr mal.
Este é daqueles filmes que olhamos para o elenco e pensamos “bem, isto deve ser bom” e depois… não é. Não é que não seja bom, o problema não é necessariamente esse. É sim o facto de ser muito aquém do esperado e do que podia ser.
Acho que há uma frase perfeita neste filme que é capaz de descrever o que senti ao longo do mesmo – “Arranjamo-nos com o que há e não com o que queríamos”. Porque a verdade é esta. Queríamos bem mais do que estamos a ver, mas acabamos por nos contentar.
A narrativa passa-se em Los Angeles, mais precisamente no dia 21 de junho de 2028, onde ocorrem motins devido à privatização da água. Num assalto que corre mal no meio desta revolta, Sherman Atkins (Sterling K. Brown) vê-se obrigado a levar o seu irmão que tinha sido alvejado para o hospital. Mas não é um hospital qualquer.
Passando despercebido como “Hotel Artemis”, está o hospital para bandidos (sim, já vimos isto em “John Wick”). Este é gerido pela enfermeira Jean Thomas (Jodie Foster) com a ajuda de Everest (Dave Bautista) onde só entra quem for “sócio”.
Mal se sabia que o hotel ia ter a noite mais atribulada de sempre. Mas esta podia ter sido evitada se se cumprissem as regras – uma das bases sobre as quais foi construído, para além da confiança (c’mon, é um hospital para bandidos, não se podia esperar milagres).
Percebemos logo que o hotel está ali há demasiado tempo. A mobília antiga não engana mas temos o contraste da tecnologia do futuro como ecrãs que surgem com a voz. Ou até mesmo para cuidar dos doentes com máquinas e com um tablet que avisa do estado dos mesmos, fazer impressões 3D de orgãos (e não só)… Enfim, um cenário que não está assim tão longe quanto isso. Quem sabe se realmente daqui a 10 anos viveremos como eles.
Quando falava do elenco no início do texto, não estava a brincar. O elenco é a melhor parte deste filme (ou pelo menos uma parte do elenco). Temos os principais: Sterling que é sempre óptimo em tudo o que seja drama e a veterana Jodie Foster que pouco ou nada tem para se lhe apontar nesta interpretação. E temos ainda os secundários como Sofia Boutella, que em filmes como “Fahrenheit 451” e “Atomic Blonde” não convenceu mas redimiu-se neste. Bem como Jeff Goldblum, que apesar do pouco tempo de antena (não consigo entender o porquê sinceramente) nunca desilude.
Em seguida, temos Dave Bautista, que funciona inevitavelmente como o comic relief do filme embora não seja essa, por vezes, a intenção. Charlie Day, cuja personagem é totalmente desnecessária no contexto, é só aquele elemento do contra e chato para nos distrair.
Posteriormente, chega Jenny Slate. A sua personagem é uma polícia que surge como a única regra quebrada pela enfermeira, quase como um ponto de viragem. Por fim, temos Zachary Quinto, que apesar de se perceber o porquê da personagem dele, não serve para nada no final de contas.
Quanto ao argumento do filme, sentimos que o filme demora muito a chegar ao ponto principal. E depois torna-se numa salganhada. Vamos sabendo detalhes no desenrolar da história mas que depois a meio se tornam pontas soltas na mesma e ficamos confusos. Para além de parecer que arrasta imenso para depois ser tudo a correr.
Percebe-se que haja muitas histórias para contar. Cada bandido é uma personalidade diferente no hotel e pelos vistos há quem já tenha ligação. Mas a emenda é pior que o soneto porque depois acabamos por não saber nada ao certo de história nenhuma.
Podia dizer que Drew Pearce se destacou de alguma maneira no filme. Mas a verdade é que não houve nada extraordinário que me faça querer ressalvar algum ponto em específico. Trouxe um conceito interessante para os grandes ecrãs mas não conseguiu manter-se à altura do elenco escolhido.
Demos entrada num hotel mas não ficámos surpreendidos nem desiludidos. Foi bom enquanto durou mas não damos 5 estrelas.