Finalmente, (sim, podem gozar à vontade) chegou a vez de ir ver um dos filmes mais esperados desde mês: Dunkirk em Imax. Só digo que ainda bem que esperei para ter esta experiência de cinema. Muitos foram os feedbacks que fui ouvindo deste filme, tanto positivos como negativos mas queria tanto vê-lo que nem liguei às opiniões dos outros e decidi tirar as minhas próprias conclusões.
Como todos sabemos, ou devíamos saber, a II Guerra Mundial foi o maior conflito da história no século XX e também um dos mais cruéis até aos dias de hoje. E foi mesmo nisso que Christopher Nolan optou por pegar, mais especificamente na Operação Dínamo, operação militar essa que durou de maio a junho de 1940 e que encurralou as forças britânicas e francesas em Dunquerque. 300 000 soldados foram evacuados por via marítima até à cidade inglesa, Dover, no que ficou conhecido como o Milagre de Dunquerque.
Num filme com quase duas horas, o que vemos é arte a acontecer (principalmente se forem ver em IMAX) – desde o som dos tiros que me fez saltar imensas vezes da cadeira, até ao som do motor dos aviões e sem esquecer os gritos de aflição dos soldados – tudo isto me fez sentir que estava a sufocar ali com eles e eu própria a fazer de tudo para arranjar salvação. E é bom sentir que um filme, com pouco diálogo, tenha conseguido passar um pouco do sentimento que foi aquela evacuação, apesar de nunca iremos saber o que aquelas pessoas sentiram ao certo.
Para variar, foi igualmente bom ver que não foi necessariamente preciso um elenco super conhecido ou um protagonista apenas para conseguir retratar a guerra. Apesar de termos Tommy, uma das personagens que mais aparece, não sentimos que ele seja O protagonista propriamente do filme. Sentimo-nos mais perto dele mas apenas como uma representação dos 400.000 soldados presos naquela praia.
É incrível também a maneira como uma banda sonora pode fazer com que fiquemos submersos no filme – e bendito a um dos meus compositores preferidos, Hans Zimmer, por esta BSO fantástica que foi um dos elementos mais importantes do filme. Se eu senti que estava dentro do mesmo, foi muito graças à intensidade da música que eu ouvia enquanto via (e também ouvia, claro) a guerra a acontecer.
Intensidade é mesmo a palavra certa para descrever Dunkirk e foi isso que Christopher Nolan procurou transmitir: a intensidade no desespero dos soldados para se salvarem enquanto são bombardeados pelos Heinkels (aviões alemães) enquanto os Spitfires, (aviões ingleses) tentavam derrubá-los e na aflição dos soldados quando os dragaminas, e não só, se afundavam, sendo o único destino deles nadar para se salvarem. Isto tudo focando-se apenas na fragilidade humana a níveis mais físicos, correspondentes à luta pela sobrevivência e libertação daqueles homens, sem precisar de palavras para o fazer e mesmo assim conseguir passar a mensagem.
Embora, como já referido, não temos nenhum protagonista, vemos de perto representações de Fionn Whitehead (Tommy), de Harry Styles (Alex) e Aneurin Barnard (Gibson), todos eles soldados; de Tom Hardy (uma cara já bastante familiar no papel de Farrier, um dos pilotos ingleses); de Mark Rylance e Tom Glynn-Carney, no papel de Mr. Dawson e Peter (pai e filho) e Barry Keoghan (George) que fizeram parte dos 700 heróis que foram ajudar na evacuação com um simples barco de pesca; e por último, mas não pior, muito pelo contrário, Kenneth Branagh (Commander Bolton). Especial atenção a Tom Hardy que, mesmo com a cara tapada durante um filme inteiro, fez um papelão!
Tal como temos três vertentes no filme: água (barcos), ar (aviões) e terra (praia), também temos três coisas que ajudam a construir esta obra de arte: a realização, a banda sonora e a fotografia.
Com isto, realço o excelente trabalho da última vertente pelas mãos de Hoyte van Hoytema (Interstellar, Her) e que teve um papel fundamental neste filme para retratar o milagre. Desde as cores do céu e do mar, os planos, a praia desvanecida de cor de Dunkirk, a costa inglesa que aparece no final no filme, tudo neste filme parece ter sido pensado ao pormenor.
Não sei se será o melhor trabalho de Nolan, nem me cabe a mim dizer isso, mas que uma pessoa sai meio atónita do cinema, lá isso sai. Parece que os nossos ouvidos ainda estão à espera de ouvir aqueles tiros (inesperados) e que ainda não conseguimos abstrair-nos do filme e sair dele. Em caso de dúvida só recomendo uma coisa: vejam o filme, assim poderão ter a vossa própria opinião e, quem sabe, uma excelente experiência cinematográfica.
Título: Dunkirk
Realizador: Christopher Nolan
Argumento: Christopher Nolan
Com: Fionn Whitehead, Harry Styles, Tom Hardy e Mark Rylance, Barry Keoghan, Kenneth Branagh, Aneurin Barnard, Tom Glynn-Carney
Género: Ação, Drama
Duração: 110 minutos