O remake de “Papillon” é baseado na história verídica de Henri Charrière e naquela que foi a sua fuga da prisão. É considerada uma das mais corajosas fugas alguma vez contada.
Em 1973, Papillon, como ficou conhecido Charrière na prisão por causa da sua tatuagem de uma borboleta (papillon em francês), ganhou um filme com o título homónimo do seu livro de “memórias” dos tempos em que esteve preso. O filme foi protagonizado por Steve McQueen e Dustin Hoffman.
Mais de 40 anos depois, surge o remake desta fuga, inspirado nas obras autobiográficas “Papillon” e “Banco”, desta vez com o francês a ser interpretado por Charlie Hunnam (Sons Of Anarchy) numa das melhores interpretações da sua carreira.
Charrière era conhecido por arrombar cofres. Após ser condenado a prisão perpétua em 1931 por homicídio, que Papillon sempre negou, todos os dias pensava em fugir. Especialmente após ser mandado para a colónia penal na Guiana Francesa e mais tarde, para a Ilha do Diabo.
É na colónia que promete proteger Louis Dega, um falsificador aparentemente rico, em troca de dinheiro para a fuga. Em 1973, Dega foi interpretado por Dustin Hoffman e agora o testemunho passou para Rami Malek (Mr. Robot) que nos entrega uma personagem frágil, no sentido em que não se consegue proteger sozinho, contando sempre com Papillon.
O filme conta com inúmeras fugas, cada uma mais ousada que a outra, e faz com que o espectador torça para que tudo acabe bem para Papillon, especialmente quando vemos os trabalhos forçados que tem de fazer ou até mesmo quando é mandado para a solitária.
É uma longa-metragem repleta de tentativas erros e, como risco de uma obra autobiográfica, apoia-se muito na história, deixando-a fluir e falar por si. Mas a realização de Michael Noer acaba por ficar para trás.
E claro, a história é inspiradora, mas sem boas representações, não teria o mesmo impacto. Embora a dupla dos anos 70 esteja marcada na memória de muitos, Charlie Hunnam e Rami Malek fazem com que seja inevitável não focarmos a nossa atenção neles. E muito se deve à química que têm em cena.
É certo que muitos poderão considerar que eram preciso caras mais fortes para assumir estes dois papéis. Todavia, a ideia não é imitar o que já existe. É, sim, fazer algo diferente, embora possam haver semelhanças na representação.
Mas não nos deixemos enganar. É um filme que se tivesse passado algumas cenas à frente, não fazia mal nenhum. Porque embora, como já foi dito, a história seja inspiradora, a certa altura começamos a perceber que falta algo mais.
Para quem não conhece a história de Papillon, talvez seja um bom filme para se entreterem no cinema. E/ou para se sentirem inspirados por alguém que não descansou até estar em liberdade.