Nine Perfect Strangers é uma das séries mais esperadas do ano devido ao seu elenco, mas também por ser inspirada no livro homónimo da autora Liane Moriarty, que escreveu também “Big Little Lies”. Mas será que basta isso para a série surpreender?
Quando soube a data em que a série ia estrear, comecei a ler o livro de Liane Moriarty, “Nine Perfect Strangers”. Embora ainda não o tenha terminado, já há algumas comparações que posso fazer. Mas com um elenco de luxo, realização de David E. Keeley que já realizou Big Little Lies e The Undoing , o que podia correr mal?
Para quem não conhece a história, nove estranhos decidem tirar dez dias de “férias” para irem até um resort com vários objetivos como meditação, emagrecimento, entre outros. Há sempre algo que eles pretendem atingir mas são muitos os que quase desistem à entrada da Tranquillum House mal sabem que vão ficar sem telemóveis.
Temos a Frances (Melissa McCarthy), uma escritora que está a passar por uma crise na sua carreira; o casal Ben e Jessica (Melvin Gregg e Samara Weaving) que a bordo do seu Lamborghini, trazem mais problemas na bagagem deles do que fazia prever; Lars (Luke Evans), um homem com o seu quê de arrogante mas com um segredo; Tony, um viciado em drogas e álcool devido aos problemas do passado (Bobby Cannavale); Carmel (Regina Hall), uma mulher divorciada que tenta esquecer a traição do marido e, finalmente, a familia Marconi, composta por Heather, Napoleon e Zoe (Asher Keddie, Michael Shannon e Grace Van Patten), que aparenta ser a típica família perfeita mas há uma dor que é necessária ultrapassar. Para os ajudar, vão contar com Masha, a dona do resort, e com os seus ajudantes Delilah, Yao e Glory (Tiffany Boone, Manny Jacinto, Zoe Terakes)
Esta série já começa a ser muito comparada com The White Lotus, que estreou recentemente na HBO Portugal, e em certa parte até é semelhante. Mas quando olhamos para Nine Perfect Strangers e explicamos a premissa deste resort, até pensamos que não tinha assim tanto potencial como fazia prever, mas é uma série que vai depender muito das suas personagens e da maneira como o elenco as interpreta.
O que me salta mais à vista, e que pode ser um problema para quem vir o primeiro episódio no dia 20 de agosto (embora fiquem logo disponíveis 3 episódios), é que não perdemos quase tempo nenhum em conhecer aqueles nove estranhos que entram pela porta dentro da Tranquillum House na esperança de saírem rejuvenescidos depois de dez dias offline do mundo inteiro.
Logo o que acaba por acontecer é que não geramos tanta empatia com eles logo desde o início porque vamos conhecendo os traumas deles e as razões pelas quais eles foram escolhidos (quando à primeira vista parecia só uma escolha por dinheiro) sem os conhecermos verdadeiramente. Contudo, acho que os atores conseguem trazer um pouco as personagens à vida num argumento que aparenta estar meio perdido.
Para já, e porque já começa a ser recorrente a Nicole Kidman estar nas séries de David E. Kelley, temos a personagem da Masha que é tão enigmática que queremos saber mais dela, do passado dela e o que a levou a tornar-se na mulher quase semi-deusa que todos conhecem ou querem conhecer. Mais uma boa interpretação da atriz que, juntamente com a Melissa McCarthy, também é produtora da série.
A Melissa para mim foi a escolha perfeita para o papel de Frances, mas sinto que ainda podia ter um pouco mais da pitada do sarcasmo que a personagem tem no livro. Talvez os únicos que não imaginei foram mesmo os da família Marconi, mas que acabou por resultar muito bem a escolha dos atores. Todo o restante elenco acaba por funcionar muito bem e traz ao de cima algumas situações que encaixam na personalidade de cada personagem que permitem que se levante um bocado o véu.
Nos seis episódios que assisti, tive mix feelings. Por um lado senti que o retiro estava a avançar rapidamente e que já só estávamos à espera de ver quem ia manifestar o seu trauma a seguir, mas por outro lado, senti que havia episódios demasiado longos e com cenas que facilmente poderiam ter sido excluídas porque arrastavam certos diálogos ou situações desnecessárias ou feitas de outra maneira. Contudo, acabei os episódios a querer saber efetivamente o que vai acontecer com estes nove estranhos.
Mas a verdade é que quando olhamos para toda a produção desta série, a tentativa de sairmos um pouco da Tranquillum House para explorarmos o verde da natureza essencial para meditação, conseguimos ter paisagens lindíssimas e uma boa utilização do espaço limitado neste resort.
É difícil dizer agora se a série se prepara para ter uma segunda temporada, até por causa do mistério todo à volta da personagem da Masha que não sei se será resolvido já nesta temporada. Contudo, acho que a série facilmente ficaria como minissérie sem mexer muito.
Acho que são fãs de mistério, thriller e claro, um bom drama, devem espreitar Nine Perfect Strangers. Mas preparem-se para o facto de que, muito provavelmente, não será amor à primeira vista.