Sabem aquela sensação de quando lêem um livro muito bom e ficam entusiasmados com a história de tal maneira… mas ficam super desiludidos com o filme? Isso aconteceu-me recentemente.
Na minha aventura de começar a ler mais coisas de Stephen King, comprei alguns livros, sendo um deles já de 1987 chamado Misery. Li a contracapa e pareceu-me bem. Entretanto, descobri que o mesmo tinha uma adaptação para filme e que a atriz principal tinha até ganho um Óscar de Melhor Atriz com o mesmo. Pensei: porque não?
Demorei ainda um bocado a ler o livro todo mas sabia que a história me ia agarrar assim que começasse a animar, digamos. É sobre um escritor, Paul Sheldon (James Caan), famoso pelos seus bestsellers sobre a personagem Misery Chastain e todos os seus “dramas”, que tem um acidente de carro numa tempestade quando acabou de escrever o seu último livro, o único não relacionado com a personagem adorada que tinha criado. À beira da morte, é salvo por Annie Wilkes (Kathy Bates), uma dona de casa divorciada que se intitula de “fã número 1” dele – e ela faz questão de repetir isto várias vezes. Sim, ela era mesmo isso, mas também era obcecada por ele.
Ao início, tudo parecia um mar de rosas, Annie tomava conta dele e dava-lhe medicamentos que tinha adquirido nos tempos em que era enfermeira, sempre com a promessa de que ele ia voltar para casa. Mas os dias passaram-se e nada. Stephen King vai descrevendo os dias de Paul na cama e as suas interacções com Annie, até ao dia em que ela compra o último livro de Misery que ele publicou e descobre que ela… Morreu. Aí é que vemos as verdadeiras cores de Annie Wilkes quando ela se passa de vez – “No, not my Misery! You killed her!”. A partir daí, Paul viveu um inferno que deixa qualquer um angustiado.
Enquanto lia o livro, sufoquei por Paul, por me imaginar na mesma situação que ele e pensar como reagiria. Quase vomitei com algumas descrições feitas das acções de Annie. Ficava animada sempre que ele tentava arranjar maneira de a contestar. E ainda mais quando ele tentava fugir, mesmo sabendo que não ia longe.
Um bom livro distingue-se pelo que consegue fazer a qualquer leitor: imaginei tudo: as personagens, a disposição e decoração do quarto de Paul e da casa de Annie, imaginei cada situação mais nojenta ao ponto de quase vomitar ao ler aquilo e quase pareceu que estava lá com eles e que Annie também me ameaçava.
Portanto vejam bem a minha desilusão quando no filme quase nada bateu minimamente certo e quando se puseram a acrescentar cenas que não existem no livro e a aldrabar outras cenas fantásticas que existem. Não sei muito bem quais são os requisitos para este tipo de livros mas não custa muito cingirmo-nos ao que está escrito. Claro, não precisavam de pôr todas as cenas nem torná-las tão visuais como se estivéssemos a assistir a Game of Thrones... aliás em 1990, nem se esperava tal coisa. Mas não inventem só para agradar! Porém, destaco aqui a performance de Kathy Bates no papel de Annie porque conseguiu passar a loucura que aquela mulher demonstrou ao longo de todo o livro, algo que não é propriamente fácil para muitas pessoas.
Já não é a primeira vez que um filme arruina todas as expectativas que o livro criou, mas é inegável o facto de Stephen King ser um contador de histórias brilhante e, sem dúvida, estará entre a minha longa lista de livros para ler várias vezes.
Título: Misery
Realizador: Rob Reiner
Argumento: Stephen King, William Goldman
Com: James Caan, Kathy Bates, Richard Farnsworth
Género: Crime, Drama Thriller
Duração: 107 minutos
Alguns livros de Stephen King que foram adaptados para filmes e séries:
The Dark Tower;
The Shining;
11.22.63;
IT;
Carrie;
Under the Dome;
The Mist;
The Green Mile;
The Shawshank Redemption;