Ao longo dos anos, muitos filmes apresentaram personagens que se tornaram verdadeiros ícones de Natal. Seja pelas personalidades que apresentam, pelos desafios que têm de enfrentar, pelas músicas que cantam ou mesmo pela malvadez intrínseca, existem entidades que, na época do Natal, fazem-me sempre companhia de forma intrínseca.
No presente artigo, apresento um conjunto singelo de personagens que, ano após ano, na quadra natalícia, acompanham a minha jornada até ao dia em que se realiza a ceia mais maravilhosa do ano.
Susan Walker – “Miracle On 34th Street”
“Miracle On 34th Street” é um dos filmes de Natal mais bonitos de todos os tempos. É recheado de personagens incríveis. Porém, Susan Walker, interpretada por Natalie Wood, destaca-se claramente.
Devido à forma como foi criada pela mãe, Susan é incrivelmente cética em relação a tudo o que a rodeia. Ela não acredita em contos de fadas ou até mesmo no Pai Natal, até conhecer Kris Kringle.
Esta é uma história comovente, que é perfeita para o Natal, com a personagem de Walker a retratar o sentimento que, em algum momento, inúmeras crianças enfrentam nas suas vidas.
“If you’re really Santa Claus, you can get it for me. And if you can’t, you’re only a nice man with a white beard like mother says.” – Susan Walker.
Gonzo – “The Muppet Christmas Carol”
Por vezes, somos colocados à prova de maneira colossal. Ter a responsabilidade de retratar Charles Dickens, titã da literatura inglesa e entusiasta de histórias natalícias, é, de facto, uma prova de fogo.
Desta feita, o papel não poderia deixar de assentar que nem uma luva a The Great Gonzo, um artista comprometido com o seu ofício, cuja dedicação atinge a façanha de comer um pneu de borracha ao som de Flight Of The Bumblebee.
Em “The Muppet Christmas Carol”, o requinte na performance de Gonzo espelha o facto de ser o muppet certo para o trabalho, e o double-act com Rizzo the Rat, é um deleite constante.
“I told you, storytellers are omniscient; I know everything!” – The Great Gonzo (Dave Goelz)
Hans Gruber – “Die Hard”
Nenhum tipo barbudo, nomeadamente o Pai Natal, consegue ter tanto estilo como o Hans Gruber. Tudo aquilo que o vilão de Alan Rickman pretende é ter um feliz Natal, e, efetivamente, arrecadar uns quantos milhões pode tornar esse sonho realidade.
Os cientistas alegam que 38,3% da alegria que o público sente ao assistir “Die Hard”, incide na abordagem sarcástica de Gruber. Sinto que faço parte desta percentagem, num desejo, quase secreto, que tenho de que ele, num último truque, consiga sair impune para viver outra aventura.
McTiernan até reconhece o vínculo que se pode cimentar com Gruber, e dá-lhe um pequeno momento de felicidade, quando o personagem abre o cofre e é banhado por um brilho celestial, enquanto Beethoven cresce na banda sonora.
Quanto a esta personagem, resta-me prestar uma homenagem direta a Alan Rickman, que, quanto a mim, tanto por “Die Hard” ou “Harry Potter”, é uma companhia inquestionável na época do Natal.
“It’s Christmas, Theo, it is a time for miracles.” – Hans Gruber
Harry Lime – “Home Alone”
E os vilões não ficam por aqui.
Kevin McAllister, de Macauley Culkin, até pode gostar de árvores de Natal, mas o bom humor da quadra não lhe chega de forma tão resplandecente ao coração.
O momento pedia um cenário deste género, todavia, quem tem o espírito natalício desmesuradamente afinado, não atira um ferro de engomar a ferver para a cabeça de outra pessoa.
Harry, de Joe Pesci, tem, no entanto, uma personalidade que parece encaixar mais na quadra. Afinal, saúda o advento do Natal com grande entusiasmo, ao visitar as casas da vizinhança e ao sorrir com benevolência para as crianças que encontra. É pena, em contrapartida, estragar a leveza desse espírito ao assaltar todas as casas.
“Home Alone” é um clássico de Natal, e embora Culkin – já com 40 anos – tenha trabalhado bem, não obstante viva com a maldição de, para muitos, ser o eterno miúdo que ficou sozinho em casa, a prestação de Pesci (juntamente com Daniel Stern) é um dos pormenores mais deliciosos da longa-metragem.
“I think we’re getting scammed by a kindergartener.” – Harry Lime
Gizmo – “Gremlins”
Gizmo, o Mogwai, pode ser, alternadamente, o melhor e o pior presente de Natal de sempre.
Por um lado, pode ser o melhor, devido ao facto de ser insuportavelmente altruísta, adorável e até amoroso. Em contrapartida, vem com um conjunto de regras tão sufocantes que, se não forem cumpridas, podem dar azo a um exército de diabinhos que promete provocar o caos.
Mas é Natal, portanto, vamos concentrar-nos nas coisas boas do Gizmo – o ar adorável, a gentileza, os olhos enormes e sedutores e a habilidade de falar inglês. Não há que sucumbir ao peso do pavor existencial de, ao mínimo descuido, podermos contribuir para um cataclismo à escala mundial, devido a um presente de Natal.
“Mogwai” – Gizmo (voz de Howie Mandel)