Depois do sucesso com a sua estreia como realizador em Get Out (“Foge”), Jordan Peele regressa para traumatizar o público com Us (“Nós”).
Nesta nova aventura como realizador, Jordan Peele conta-nos a história de uma família, constituída por mãe (Lupita Nyong´o), o pai (Winston Duke) e os seus dois filhos, que decide ir de férias para uma casa de praia.
Nestas férias, eles terão de enfrentar-se a si mesmos quando uma família igual a eles o começa a aterrorizar a meio da noite, com intenções pouco amigáveis.
Os trailers e marketing de “Nós” foi um pouco discreto sobre o que realmente o filme se tratava, portanto não me irei alongar mais sobre o enredo do mesmo. Passemos à minha opinião sobre o mesmo.
“Nós” é difícil de criticar e de conseguir chegar a um consenso pessoal tendo apenas visto o filme uma única vez. Apesar de ser uma história simples (uma família é aterrorizada por si mesma), existem múltiplas metáforas e mensagens dentro do enredo que o eleva a outro nível e faz com que seja necessário ver mais do que uma vez para se ter uma noção mais aprofundada.
O elenco que nos guia por esta viagem oferece performances tremendas, ainda por mais pelo facto de terem de fazer duas versões da mesma personagem tão semelhantes e diferentes ao mesmo tempo. Porém, Lupita Nyong´o destaca-se desmesuradamente neste filme com uma performance que poderá vir a gerar falatório na época dos prémios da Academia.
Tal como em “Foge”, o argumento de Jordan Peele para este “Nós” volta a ser intrigante e com uma história simples de contar, mas que contém muitas metáforas, alegorias e críticas sociais subliminares. Tudo isto sem despromover o humor e sátira a que já estamos habituados vindos de Peele.
Seja por diálogos e decisões das personagens, seja por pequenos pormenores no departamento do guarda-roupa ou escolha de músicas para compor a banda-sonora, tudo em “Nós” pede uma segunda interpretação por parte do espectador e alimenta o desejo de ver o filme repetidas vezes.
De um modo técnico, “Nós” é um filme bonito, com uma óptima fotografia composta de um modo preciso e uma banda sonora pouco usual e cativante, orquestrada com o intuito de fazer o sangue pulsar rapidamente nas nossas veias.
O único ponto menos positivo de “Nós” ocorre quando a metáfora e a crítica social sobressai em detrimento da história que nos está a ser contada. Em certos momentos, uma uma linha de diálogo ou decisão de uma personagem desloca-se em demasia para o campo da metáfora que se torna desconcertante no contexto do enredo.
Fora isso, “Nós” é um óptimo filme de terror que expande o seu horizonte através de metáforas e sátira, alcançado um estado que vai além do mero filme de género.
Primeiro com “Get Out” e agora com “Us”, Jordan Peele volta a mostrar a sua criatividade e garra como realizador e a oferecer-nos outro filme marcante que irá ser falado e reconhecido por muitos anos.