Denis Villeneuve retorna com a segunda parte de sua adaptação de “Dune”. Se, como eu, esperavas há já 3 anos por este momento, rejubila caro amigo cinéfilo porque este filme está ao nível (ou até acima) do primeiro!
A história e o mundo que Frank Herbert criou com “Dune” são coisas absolutamente magnânimas que existem no espaço onde a ficção científica, o épico histórico e a trama política se cruzam. Abordar esta obra e trazê-la para o grande ecrã é um desafio monumental que, felizmente, Villeneuve e todos os intervenientes na criação deste filme se propuseram a encarar com enorme ambição. E, tanto no primeiro como agora no segundo filme, sinto que esta visão criativa está a ser executada à escala com que foi idealizada.
A ação de “Dune: Part Two” recomeça imediatamente na altura em que deixámos o protagonista Paul e a sua mãe Lady Jessica depois de terem feito contacto com os Fremen, o povo nativo de Arrakis.
O entrosamento de Paul com os guerreiros das dunas é o principal foco narrativo do primeiro terço do filme, que evolui para o acompanhar da jornada física e espiritual em que Paul embarca.
No caminho para a eventual aceitação do papel de messias, Paul enfrenta dilemas éticos e morais que põem à prova as suas ideologias e o obrigam a confrontar-se com vários possíveis destinos que vão afetar milhões de pessoas.
O equilíbrio entre esta faceta e a de protagonista de um filme de ação megalómano é muito bem conseguido por Timothée Chalamet ao ser convincente tanto nos momentos solenes como nos mais explosivos.
Infelizmente, não pude deixar de sentir que o peso e a gravidade que é pedida a alguns dos restantes atores do elenco não esteve tão presente como no primeiro filme da saga. Rebecca Ferguson (Lady Jessica) tem uma performance com uma carga emocional muito reduzida e sem nenhuma da ambiguidade que tornam a sua personagem tão interessante no primeiro filme e mesmo Javier Bardem não enche o papel de figura paternal de Paul com a força que Oscar Isaac conferiu à personagem de Duque Leto anteriormente.
Entre mais algumas prestações pouco inspiradas, evidencia-se Austin Butler no papel do infame e psicótico Feyd-Rautha que serve de perfeito antagonista a Paul Atreides.
A melhor parte do filme são os momentos épicos de enorme escala visual, particularmente os que estão relacionados com os colossais vermes de areia. O espetáculo visual e sonoro criado para este filme são dos mais assombrosos jamais feitos para um filme de ação sci-fi e toda a experiência sensorial que deles advém serve a construção do universo “Dune” e eleva a história ao apogeu do que pode ser um clássico de cinema blockbuster moderno.
Recomendo completamente que vejam o “Dune:Part Two” em IMAX em todo o seu esplendor!