Hellboy regressa aos cinemas praticamente uma década depois dos filmes de Guillermo del Toro. O filme não está a ser adorado pela crítica.
Inspirado na banda desenhada, mais concretamente em Wild Hunt, o demónio que se torna caçador de criaturas sobrenaturais é protagonizado agora por David Harbour (Stranger Things).
Com Milla Jovovich (Resident Evil) e Ian McShane (American Gods), o filme é realizado por Neil Marshall e desilude mais do que surpreende. Acho que se pode mesmo dizer que não há bem ponta por onde se pegue.
Sem dúvida que o ponto positivo do filme é Harbour que nos proporciona um Hellboy “sarcástico” e bastante grotesco, o que caracteriza muito bem o demónio sem cornos. Toda a caracterização do mesmo ajuda a tornar a personagem ainda mais realista, embora se note dificuldades na fala.
Por onde começar no resto da longa-metragem…
A nível de CGI, sim, há criaturas que estão visualmente bem feitas. Mas no que toca a efeitos visuais, o filme usa e abusa do R-rating que tem associado ao mesmo e, por consequência, isto distrai-nos demasiado da história. Chega mesmo a haver um exagero de cenas sangrentas que nem sempre são totalmente credíveis.
Quanto ao argumento, acontece demasiada coisa ao mesmo tempo. Nunca conseguimos perceber totalmente a história das personagens mas sempre que estamos a caminho de perceber, há sempre uma cena de ação a cortar o raciocínio, o que nos vai deixando cansados ao longo do tempo da narrativa.
Já para não falar das piadas que vão sendo encaixadas de uma maneira desleixada. O filme vai a um ritmo tão rápido que são poucas as cenas que vão ao ritmo certo mas que, mesmo assim, não acrescentam grande valor ao filme. Mas se era suposto, não transmitiram essa mensagem.
Para além de que fica muita coisa por responder. Há perguntas sobre as personagens que poderiam ter sido mais exploradas e simplesmente não deu.
A nível de representações, Milla Jovovich falha um pouco como a vilã Nimue que aparentava ser super poderosa e caiu por terra. Sasha Lane como Alice tem uma história misteriosa e é uma das personagens que gostaríamos de ver mais aprofundadas e Daniel Dae Kim como Ben, vai-se safando.
Mas nenhum deles tem representações brilhantes, quando avaliamos o bolo inteiro.
Também a realização tem as suas falhas: há transições estranhas, o som peca porque nem sempre bate certo o que estamos a ouvir e a ver (especialmente em cenas CGI) e o resto já foi pronunciado aqui.
Não conseguimos perceber bem o que Hellboy quer ser. Quer ser tudo e acaba só por ficar all over the place e com muitas pontas soltas. Devemos ver o filme assumindo que já conhecemos bem o demónio? Era suposto sabermos mais dele depois de o filme acabar? Aconteceu isto tudo para dar espaço para um segundo fiilme? Qual era a história principal, aquela em que nos devíamos ter focado?
Mas pronto, no meio disto, temos de confessar que o Hellboy é badass quando está em chamas. Mas nem isso nos convence o suficiente.