A família mais atípica/disfuncional de super heróis, “The Umbrella Academy” está de volta para resolver a embrulhada que causaram no final da primeira temporada. Esta segunda temporada promete tudo o que já nos tinha sido dado e muito mais!
Vou tentar não dar spoilers nenhuns de ambas as temporadas mas pode ser complicado, especialmente em relação à primeira. Desde já, quero confessar que vi a primeira temporada de rajada, porque embora seja fã de filmes de super heróis, esta não é bem a típica história à qual estamos habituados – e ainda bem que assim o é, porque aí é que reside a magia da série.
Se na primeira temporada ficámos a conhecer todos os pontos fracos desta família, que resultou numa rivalidade entre irmãos, nesta segunda temporada, apesar de também termos as picardias entre eles, mostra-nos como é que eles trabalham em equipa, como crescem juntos, como se perdoam e apoiam e como colocam a família acima de tudo quando é preciso.
Voltando um pouco aos acontecimentos da primeira temporada: após o dia do Apocalipse ter acontecido, o Número 5 vê-se obrigado a viajar com os cinco irmãos para fugir do acontecimento. O que acaba por acontecer é que vão parar à mesma década, em anos diferentes, chegando um por um, e vêem-se obrigados a confrontar a realidade de que estão sozinhos.
Até que Cinco aterra exatamente no dia do (novo) Apocalipse, cuja data é 25/11/1963, numa cena que abre super bem esta temporada e que marca o ritmo e propósito que ela vai ter. E tudo ao som de “My Way” que é só engenhoso para marcar todos os acontecimentos desta cena. Se não acreditam no que digo, vejam por vocês próprios:
https://www.youtube.com/watch?v=jcdqpPzlTkM
Claro está que, mais uma vez, os irmãos têm poucos dias para se voltarem a juntar e salvar o mundo do apocalipse que não têm a certeza que foram eles a causar.
Começo pelo mesmo ponto em que comecei a crítica à primeira temporada sem me alongar muito no destino das personagens. Como já tinha referido, todos vão parar a anos diferentes e seguem com a sua vida a partir do momento em que chegam aquele beco.
Todos eles acabam por ter um arco narrativo muito mais bem construído e explorado, que não tinha acontecido bem antes. E o melhor é que nunca nos perdemos enquanto são explorados temas super actuais mas que para aquela época eram contraditórios como o movimento dos direitos dos negros ou a homossexualidade, ao mesmo tempo que vamos acompanhando as peripécias de Diego, Luther, Allison, Vanya, Klaus, Cinco e Ben.
Para mim, e à semelhança da primeira temporada, Klaus e Cinco são os que acabam por se destacar mais na mesma: o primeiro porque continua com a mesma personalidade excêntrica e com Robert Sheehan a continuar a fazer um óptimo trabalho ao trazer este Klaus exuberante; e Cinco porque continua a ser o elo de ligação entre o passado, presente e futuro, para além de que, também ele, tem uma personalidade super forte. Aidan Gallagher foi realmente bem escolhido, porque embora pareça uma criança, consegue trazer o lado mais racional e adulto para todas as circunstâncias.
Felizmente, Allison também conseguiu ter bastante destaque esta temporada, especialmente com o papel importante que teve ao fazer então parte do movimento dos direitos dos negros. Este tema mexe connosco porque embora se passe numa época completamente diferente, lutamos as mesmas lutas no presente, com o movimento #BlackLivesMatter.
“O movimento não acabou. Nem em 2019”
Luther acabou por ficar à margem novamente, ofuscado pelos seus irmãos, embora tenha sempre o seu papel no colectivo. Por outro lado, até Diego já conseguiu ter aqui um arco narrativo, novamente a puxar para o lado emocional, mas com acontecimentos muito mais focados nele, o que é um avanço em relação à primeira temporada.
Quanto a Vanya… Nem sei como dizer isto. Claro que ela é sempre das personagens mais importantes e com o super poder mais estrondoso e devastador, no sentido literal das palavras, quando não está no controlo do mesmo. Porém, não sei bem se é de mim, sinto que ela fica sempre aquém das expectativas que tenho para ela, talvez porque quero tanto perceber mais sobre a sua personagem e o seu poder que não valorizo tanto o seu lado mais frágil e emocional que, nesta temporada, está bem espelhado e destacado mas sem puxar para o lado triste como na primeira temporada.
Visto que a meio da temporada acabam por formar trios e duplas entre eles para descobrir a origem do novo apocalipse, foi uma jogada interessante porque permitiu ver outras ligações entre os irmãos que não tinham sido tão exploradas na primeira temporada. Foi bom ver Vanya e Allison como irmãs novamente, encaixando super bem Klaus na equação, que tem sempre como seu acompanhante o irmão Ben. Luther também conseguiu uma interação muito maior e divertida com Cinco, e embora Diego faça parte deste trio, as cenas principais dele acabam por ser com outra personagem.
Essa personagem é uma das personagens secundárias que claramente foram scene stealers. Temos Lila, que acaba por ajudar Diego e que vai ganhando muita relevância ao longo da temporada. Mas há outras que também nos vão fascinando: Raymond Chestnut, que também pertence ao movimento de Allison, Elliott que é quem descobre o que se passa no beco e Sissy e Harlan, a nova família de Vanya… São personagens super importantes para o desenvolvimento narrativo dos irmãos e que vão evoluindo com eles também.
Os efeitos visuais é uma das melhores coisas da série. Estão todos bem executados, seja a representação do apocalipse, como dos poderes deles (chamando a atenção para o poder de Klaus), seja com as viagens no tempo ou até mesmo as batalhas. Estão lindíssimos e ajudam, sem sombra de dúvida, a criar todo o ambiente visual para a série resultar tão bem.
Nesta temporada, tendo em conta que estamos numa época diferente, o resultado visual dos anos 60 encaixou melhor do que eu pensava nas personagens, que também apresentaram diferenças a nível visual, e trouxe um novo ambiente para a história que estava a ser contada.
E a banda sonora, claro, é maravilhosa mais uma vez. Aquelas músicas que nunca pensaram ouvir quando alguém está a lutar com alguém, como uma cover do “Bad Guy” de Billie Eilish ou um “Everybody” dos Backstreet Boys… há de tudo. E o maravilhoso disto tudo é que encaixam todas perfeitamente no que estamos a ver e transmitem a energia certa.
The Umbrella Academy já era uma série diferente, super divertida e com bons momentos visuais e personagens cativantes. Esta temporada só veio a provar que os criadores pegaram nos pontos mais fracos da primeira temporada e usaram-nos a favor de uma segunda bastante cativante e merecedora que todos vejam, sejam ou não fãs da banda desenhada e de séries de super heróis. Vão, de certeza, adorar todos os personagens à sua maneira e vibrar com a mesma. Houve um “click” para mais, digamos assim, e digo-vos com muita convicção que quero ver bem mais!