Depois de ver a sua estreia adiada desde 2019 e com direito a reshoots, The Woman in the Window chega finalmente à Netflix, assumindo-se como um thriller. Mas depois deste tempo todo, o resultado foi positivo?
Gostava de dizer que sim, até porque o filme é inspirado num best-seller do autor A.J.Finn (que na verdade se chama Dan Mallory). Mas é certo que este thriller realizado por Joe Wright convenceu-me muito pouco, para não dizer nada.
Esta é daquelas provas de que podemos ter o melhor elenco do mundo, podemos ter um realizador com filmes fantásticos e provas dadas neste mundo cinematográfico, mas se a história não agarrar, é uma desgraça. Acho que isso aconteceu inevitavelmente neste filme. Se os primeiros viewings diziam que o plot era confuso, então os reshoots tornaram-no insonso, se é que se pode dizer isto.
The Woman in the Window leva-nos a conhecer Anna Fox (Amy Adams), uma mulher que sofre de agorafobia que dá por si a espiar os seus vizinhos da frente e testemunhando alguns atos através, como o título indica, da janela da sua casa.
Não digo que a premissa não é interessante, aliás, acho que a estreia calha na altura ideal porque todos nós hoje em dia conseguimos perceber um pouco da ansiedade social que a protagonista sente e como tal, identificamo-nos muito com a mesma. Mas, embora o filme esteja construído à volta desta ansiedade, destas dúvidas do que é real ou não depois de tanto tempo a sobreviver sozinha, este tópico acaba por não ser tão bem explorado como deveria.
Também não posso dizer que tudo é mau. Embora o argumento não ajude nada, temos Amy Adams mais uma vez a demonstrar a sua excelência como atriz e a transmitir diversos tipos de emoção, os seus pensamentos em relação ao que vê, e acima de tudo os seus traumas durante quase duas horas de filme. É caso para dizer que não percebo porque é que ela nunca ganhou um Óscar, mas os seus últimos filmes também têm calhado um pouco ao lado do talento enorme que ela tem.
E depois claro, temos caras conhecidas como Wyatt Russell (o nosso John Walker de The Falcon and the Winter Soldier), Gary Oldman (o recém nomeado aos Óscares), Julianne Moore, Jennifer Jason Leigh (que inclusive já trabalhou com o pai de Wyatt em The Hateful Eight) e até mesmo um detetive que vimos recentemente em Godzilla vs Kong. O problema não é o elenco, mas sim o que lhes é dado para trabalhar.
Há um vazio, há coisas que queremos que sejam mais exploradas e ficam em terra de ninguém e sabemos que as coisas na vida real se calhar não aconteceriam desta forma.
É uma pena, porque o filme tinha todo o potencial para ser um ótimo thriller e quiçá, um bom filme de crime que podia ter bastante sucesso nas bilheteiras.
Já se encontra disponível na Netflix.