Depois de um tremendo sucesso nos EUA, finalmente as televisões portuguesas recebem a série da Showtime “Yellowjackets”, cortesia da HBO Portugal. Criada por Ashley Lyle e Bart Nickerson, A história centra-se numa equipa de futebol feminino de liceu que, na viagem para o primeiro jogo no campeonato nacional, vêm-se numa situação extrema de sobrevivência quando o avião onde se estavam se despenham no meio da floresta.
Agora, numa constante comparação ente passado e futuro, vimos as personagens a tentar sobreviver e até que ponto tiveram de ir para o fazer.
Mas, ao fim e ao cabo, o que tem “Yellowjackets” de especial, que faça com que se destaque no meio de tanta série disponível? Com uma premissa tão corriqueira, quais os propósitos que nos farão ver a série e pela qual obteve tanta popularidade?
Assim, oferecemos 5 motivos para que dêem uma hipótese a esta excelente série.
1) História bem delineada e personagens interessantes
Apesar de os criadores já terem afirmado que estão focados em fazer temporada por temporada, a verdade é que cedo percebemos que têm uma ideia bem firme para o futuro desta série. Mesmo com duas linhas temporais a acontecer em simultâneo, ambas despertam interesse no espectador, suportadas por um elenco que dá tudo o que consegue, em cada momento, para criarmos empatia com as mesmas (mesmo quando elas não o merecem).
2) Casting soberbo e exímio
Por falar nas personagens interessantes que povoam “Yellowjackets”, isto só é possível através de um elenco perfeito. Seja na versão mais nova ou mais velha das personagens, todos conseguem entrar nos seus papéis na perfeição, adoptando e expandindo o aspecto físico e os maneirismos da adolescência até uma idade adulta. É inegável que rapidamente conseguimos distinguir “quem é quem” no meio desta trama, retirando o ruído excessivo e ajudando-nos a focar no que realmente importa – a história a ser contada.
3) Banda sonora exemplar (suave, crescente, abrasiva, intrusiva)
Tal como a narrativa da série, também a banda-sonora se vai revelando aos poucos. Suave ao início, até mesmo há quem possa dizer que seja um pouco banal, vai tomando peso e cresce a um ponto que se torna intrusiva e abrasiva nos momentos certos. Composto por Theodore Shapiro e Craig Wedren, os temas recorrentes utilizam vocalização angustiante e até mesmo uma conjugação de percussão com objectos pequenos (a simbolizar ossos). É fascinante ver a banda-sonora a evoluir com a história e a violência e tensão que a mesma abraça.
4) Nostalgia dos anos 90
Este motivo pode não ser tão marcante para cada espectador, mas para este que vos escreve é bastante. Devido ao facto de uma linha temporal ocorrer em 1996, “Yellowjackets” está recheado de referências aos anos 90. Seja nas roupagens das personagens, nos seus objectos diários ou como interagem entre si, tudo “colado” numa mixtape de músicas referência desta época, escolhidas a dedo. Desde Smashing Pumpkins, Portishead, The Prodigy e, até mesmo, Salt-N-Peppa.
Há mesmo um momento especial com a música “Kiss from a Rose”, do Seal (que consegue rivalizar com o momento que esta música proporciona em “Community”). É ver – ou ouvir – para crer.
5) Não suavizam a violência
“Yellowjackets” nunca se esquece a história que está a contar, nem da gravidade e do peso que a mesma tem para as suas personagens.
A série nunca oferece violência gratuitamente, como se fossem rebuçados. Se se fizer contas, desde o primeiro ao último episódio, consegue-se contar com os dedos da mão a quantidade de momentos violentos que a série tem. Pelo facto de ser poucos e bem espaçados, esses momentos atingem-nos como tijolos, e os criadores não se inibem de mostrar o sangue e a gravidade da situação. Para os mais sensíveis com sangue e violência, há pedaços da série que vos farar afastar o olhar por momentos do ecrã.
Ao virar de cada árvore pode estar a morte, e sentimos isso com cada decisão das personagens. E a série não tem medo de o mostrar.