“Spinning Out” é uma das mais recentes séries originais da Netflix que estreou no início do ano. É sobre uma patinadora artística e o ambiente que a envolve neste desporto, em casa e nas suas relações amorosas e de amizade. Um drama que surpreendeu pela positiva.
Quando pus play nesta série que apareceu em grande destaque na Netflix, fi-lo porque gosto bastante de ver patinagem artística e séries/filmes sobre isso. E a premissa desta série original assenta mesmo neste desporto que envolve muito treino, alguma (muita) competição e muito esforço a nível físico, mas também emocional.
Somos apresentados a Kat Baker (Kaya Scodelario), uma patinadora que nas Olímpiadas teve azar num salto, acabando por bater com a cabeça no gelo ao cair, fazendo um traumatismo. Apesar disso, continuou a treinar, mas sempre com aquele receio em alguns saltos que a pudessem levar à mesma situação.
A sua situação em casa também não é a mais constante. A sua irmã Serena (Willow Shields), também patinadora, acaba de ter um novo treinador contratado, o que faz com que não tenham budget para um treinador para Kat, visto que a mãe delas, Carol (January Jones), para além de ser solteira, sofre de bipolaridade.
A juntar a isto, a única opção que Kat tem de continuar a fazer o que gosta é passar numa prova mas, mais tarde, acaba por ter que escolher entre patinar a pares com Justin (Evan Roderick), um óptimo patinador mas muito egocêntrico, ou não patinar mais na vida.
Acho que está um drama bem conseguido e que nos vai cativando ao longo do tempo. Somos confrontados com uma doença mental, neste caso a bipolaridade, e como é que a mesma consegue afetar tanto Kat, como portadora da doença, e a nível emocional tendo em conta que a mãe sofre mais com os ataques, levando a que seja um reboliço em casa que Kat tem sempre de controlar para proteger principalmente a irmã.
De certa forma, isto acaba por afetar toda a série, porque se Kat não está bem em casa, não consegue estar focada na patinagem e terá sempre a tendência de afastar os seus amigos e potenciais namorados da sua vida.
Não há muitas séries, ou pelo menos começam a haver mais agora, que abordem uma doença mental de uma forma quanto baste aberta como Spinning Out faz. Não só mostra as complicações da mesma, como as consequências que pode ter se não houver ninguém por perto para ajudar, numa altura em que se tenta falar ainda mais abertamente de doenças mentais.
A nível de representação, foi bom ver Kaya Scodelario num registo bastante diferente daquele que estamos habituados a vê-la. Houve momento em que me senti um bocado farta dela mas depressa isso passou e até ao final da temporada ela foi melhorando, até porque a sua personagem saiu da bola de neve onde estava.
Fiquei também muito surpreendida com a interpretação de Willow Shields (da qual se devem lembrar de Hunger Games), novamente no papel de irmã mais nova, mas acima de tudo no papel de uma adolescente que dedica o seu tempo todo à patinagem e que quer ter relações amorosas, saídas com os amigos e nem sempre pode.
A série ainda nos entrega boas surpresas como Evan Roderick, que representa um rapaz egocêntrico mas também um rapaz muito doce e preocupado, e temos o regresso ao mundo das séries de January Jones, de Mad Men, a entregar uma representação fantástica no que toca a alguém que tem bipolaridade.
Também tive curiosidade por perceber se todos os momentos que vemos no gelo, eram efetivamente os atores (claro que não achei que o fossem nas manobras mais difíceis) mas, efetivamente, eles aprenderam a patinar no gelo para parecer mais real, e valeu a pena o empenho que eles tiveram para essas cenas.
Os fatos que eles usam nas competições são lindíssimos, as músicas estão bem escolhidas e a fotografia, especialmente nas cenas no gelo também merece crédito.
Toda a história de Spinning Out, ao início, pode parecer muito redundante mas acho que a forma como trabalha os assuntos que abordados acaba por tornar esta série em algo bastante agradável de se ver. Está disponível na Netflix!
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