Spiderhead chega amanhã à Netflix e é o mais recente trabalho de Joseph Kosinski depois do aclamado blockbuster de verão Top Gun: Maverick. Conta com Chris Hemsworth, Miles Teller e Jurnee Smolett.
Assim que vi o trailer de Spiderhead, soube que queria ver este filme pelo simples facto de estarmos perante uma narrativa interessante de um estudo em que os sujeitos são testados com uma nova droga que funciona como uma “poção de amor”, vamos chamar-lhe assim e embora não seja um argumento totalmente original, uma vez que é inspirado num artigo de George Saunders para o The New Yorker que podem ler aqui se tiverem curiosidade, ganha pelas inúmeras possibilidades que o filme podia ter.
Começo por dizer que Chris Hemsworth não é tão valorizado por Hollywood como deveria ser. Embora não tenha tido representações marcantes, sem ser o Thor, ele tem se revelado um camaleão bebé no que toca a papéis. Já o vimos em comédias como o próprio Thor Ragnarok ou o remake de Ghostbusters, já o vimos nos píncaros da ação como em Extraction e agora temos um papel mais sóbrio, mais drama e que puxa pelo talento dele como ator em Spiderhead.
E volto a dizer que à excepção de Thor, cuja personagem faz o fit perfeito com ele e que continua em evolução de filme para filme, e para além de Extraction, este é um dos melhores papéis dos últimos anos de Hemsworth.
Para além de Hemsworth, também Miles Teller merece mais reconhecimento do que o que tem hoje em dia. Com uma representação maravilhosa em inúmeros filmes, sendo o mais recente o Top Gun: Maverick, aqui entrega-nos um Jeff que embora esteja a ser ludibriado pelo ambiente, não se deixa enganar totalmente e ajuda ter uma ótima química em ecrã com Hemsworth. Provavelmente já o vimos inúmeras vezes neste registo mas ainda assim, Miles acaba por nunca desiludir.
O filme também ganha por se passar em apenas uma localização, por se tratar de umas instalações em que pessoas que iam para a prisão, aceitaram este estudo e agora vivem de forma mais confortável, mas sujeitos ao efeito da droga que têm de consentir a toda a hora que os faz fazer coisas que… bom é melhor verem o filme. O facto de termos só um local, dá-nos uma sensação de claustrofobia (embora controlada) mas também permite-nos focar apenas nas personagens.
Joseph Kosinski tem estado nas bocas do mundo, precisamente pelo filme mais recente de Miles Teller, onde nos entregou ação, comédia, aventura, drama num só filme que não só é um dos maiores blockbusters do Verão dos últimos anos, como é um filme que anda a deixar os espetadores embasbacados (num bom sentido!). Aqui consegue captar bem a tensão dos momentos em que vemos a droga a ser aplicada e o que advém disso com planos mais fechados quando vemos a reação de Steve ou até mesmo em planos mais abertos quando vemos os sujeitos a ser testados. Com a ajuda da música que vai surgindo ao longo do filme de forma fantástica, Kosinski continua a contar com a direção de fotografia de Claudio Miranda, que tem vindo a ser o seu parceiro já em alguns filmes, formando uma dupla imparável, atrevo-me a dizer.
Tendo uma narrativa com bastante potencial, acho que o filme só pecou mesmo no terceiro ato e no foco que o argumento acabou por dar a algumas coisas mais relacionadas com questões mais gerais do que propriamente em algo que queríamos saber como se a droga tinha potencial de funcionar, quais eram as motivações de Steve para estar a fazer este estudo ou até mesmo tentar abrir mais o horizonte para entendermos melhor as restantes drogas (sem ser apenas a da poção de amor).
Sinto que o inicio é muito forte e é o que nos deixa deslumbrados a querer ver mais mas que chega a um ponto em que começamos a sentir que está a esmorecer o argumento inicial. Ainda assim, é um filme muito bom para se ver neste fim de semana em casa, com bom entretenimento e quase duas horas que passam num instante, e vale principalmente pelas representações e por todo o trabalho técnico.