Sex Education regressa já na sexta-feira, dia 17 de setembro, à Netflix para continuarmos a acompanhar as aventuras dos estudantes de Moordale, depois de uma segunda temporada que terminou com muitas perguntas no ar.
(pode conter spoilers apenas da 2ª temporada)
Vou começar por fazer um breve recap de onde ficámos no final da segunda temporada para que esta crítica tenha um pouco de contexto: depois de um musical digno de Shakespeare com a temática do sexo, a secundária de Moordale ficou em problemas, levando a que nesta nova temporada seja inevitável a mudança de direção da escola, vindo Hope ocupar o lugar de Michael Groff. Mas esta chegada da nova diretora e dos seus métodos não vai agradar a toda a gente.
Relativamente aos personagens principais, tivemos uma chamada de voz muito querida de Otis para Maeve que foi apagada por Isaac, o que nos deixou (ou se calhar foi só a mim) muito chateados. O Adam acabou por se declarar a Eric, o que o levou a terminar o seu namoro com Rahim.
Logo desde o início da terceira temporada, percebemos que vai ser um ano diferente na “Escola do Sexo”, como ficou conhecida Moordale. E uma coisa que há para apreciar em Sex Education é que consegue melhorar de temporada para temporada, conseguindo tirar partido das suas personagens principais, mas também das secundárias porque, se há algo que é muito bem trabalhado nesta nova temporada é sem dúvida o arco narrativo das mesmas.
Não se preocupem, não vou contar muito porque não gosto de estragar a experiência do espetador mas há narrativas mesmo interessantes aliadas a temáticas bastante importantes de serem abordadas.
Falando um pouco das personagens principais como o Otis, a Maeve e o Eric, a história deles continua a ser muito bem desenvolvida, mesmo depois de a clínica fechar. Otis tenta superar a dor que sente fechando-se emocionalmente, enquanto Maeve continua a ter de lidar com a decisão que tomou em relação à mãe enquanto novas oportunidades surgem na sua vida, e Eric, que acabou por ficar com Adam, sente-se cada vez mais confiante com ele mesmo e com a sua sexualidade.
Em termos de personagens secundárias, vemos uma Aimee a conseguir finalmente lidar com o seu assédio e a procurar ajuda, ao mesmo tempo que vemos a relação de amizade de Vivienne e Jackson a sofrer com altos e baixos. Vamos um pouco mais a fundo no passado de Lily para a percebermos um pouco melhor (e ela acaba por ter algum destaque nesta temporada ao contrário das outras) assim como temos um arco de redenção para o ex-diretor da escola Michael Groff.
Das personagens que já conhecíamos, sem dúvida que as minhas narrativas preferidas foram a de Adam, a de Ruby e a de Jean. Do Adam porque, nesta temporada, vemo-lo a finalmente aceitar que é homossexual e não ter receio de o admitir publicamente, assim como o vemos a tentar mudar em algumas coisas como demonstrar sentimentos ou sentir-se feliz com algo que gosta, que foram características que o seu pai o ensinou a reprimir. Quanto a Ruby, adorei porque ficamos a conhecê-la muito melhor. O seu background, o que sente… basicamente vamos para além da camada da menina popular que todos seguem como regra o que ela faz.
E embora já conhecêssemos bem a Jean, desta vez vemo-la a lidar com a sua gravidez mais complicada tendo em conta a sua idade enquanto lida com a euforia do lançamento do seu novo livro sobre a secundária de Moordale. Com isto tudo a passar-se na vida dela, vamos assistindo às decisões que vai tomando em relação a Jakob e à sua família, sem nunca desligar o seu lado de terapeuta.
Também conhecemos novas personagens como Cal, que é genderqueer, sendo uma novidade na série e uma lufada de ar fresco, não só porque temos uma amizade bonita com Jackson a desenvolver-se, mas também porque abre espaço a que tenhamos mais conhecimento sobre o género não binário e como respeitar a sua identidade. E claro, temos também a diretora Hope que é rígida e tem métodos que vão ser bastante questionados, mas que acaba por ter a sua vertente mais humana fora da sua profissão.
E não era Sex Education sem se falar sexo, claro. E nesse campo, a série continua a fazer um excelente trabalho em referir que o problema nem sempre é o sexo mas sim a falta de conhecimento por parte dos adolescentes sobre o mesmo. É importante falar-se sobre sexo e educar os alunos para isso para que sejam capazes de tomar as melhores decisões e ter cuidados, e que proibi-los só vai tornar pior.
A banda sonora, como sempre, é escolhida a dedo e muito bem utilizada nas diferentes cenas, sendo que também conseguem ter músicas originais e posso dizer que me fartei de rir com a música que o coro canta (quando virem, vão perceber!).
Não sabia que era possível a série melhorar ainda mais. Já é uma série aclamada pelo público e que o binge watch é super fácil de se ver, mas posso dizer-vos que não sou melhorou bastante, como se nota que evolui com as suas personagens. À medida que eles amadurecem, a série amadurece com eles. Claro que como sempre há momentos de riso, há aventuras, há drama e há tristeza, mas é isso tudo que nos faz ficar agarrados ao ecrã. E embora os episódios tenham 1 hora cada, parece que passam a correr.
Já estou ansiosa para mais uma nova temporada (por favor, tem de haver!)
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