Quando comecei a explorar o catálogo de séries da Apple TV+ e dei de caras com Severance, fiquei ligeiramente céptica. Não sabia bem o que esperar, não tinha lido muito sobre a história – e ainda bem. Zero expectativas, e ao fim de nove episódios, percebo porque é que é fácil considerar Severance uma das melhores séries de 2022.
Temos óptimos atores, uma trama que se vai a adensar a cada episódio, e um ambiente sci-fi que tem tanto de minimalista quanto de épico. Mas vamos começar pelo princípio. Mark (Adam Scott) supervisiona uma equipa de funcionários numa empresa onde as memórias de todos os que trabalham no «severance floor» são cirurgicamente apagadas para que se dividam entre o seu trabalho e a vida pessoal.
Portanto, das 9 às 17h, Mark e a sua equipa são os empregados da Lumen Industries, e fora desse tempo, são… bem, eles próprios. Quando Helly (Britt Lower) se junta à equipa de Mark, e se arrepende da decisão de ter a sua memória dividida, um rol de questões se levantam. Será que há alguma verdade escondida? O que acontece se as memórias se reintegrarem?
São estas as questões que vemos respondidas ao longo de nove episódios, e, não querendo estragar a vossa experiência, não me vou alongar. Curiosamente, seis destes nove episódios foram realizados por Ben Stiller (sim, esse mesmo que estão a pensar). Este revela um talento inesperado ao dirigir os episódios com estilo e sensibilidade. A estética que nos relembra Kubrick, Kaufman, Wes Anderson e tantos outros, e, ao mesmo tempo é tão única, faz de Severance um projecto ambicioso, mas que merece ser admirado do início ao fim.
Podendo ainda originar as mais variadas teorias sobre a vida corporativa, Severance é uma série que nos entretém e ao mesmo tempo nos faz pensar. O cruzamento entre 1984 e Black Mirror, as referências artísticas, e todo o excelente elenco são apenas mais algumas excelentes razões para verem Severance.
Além disto, com três nomeações aos Globos de Ouro e a segunda temporada a caminho, de que estão à espera?