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Segunda Vida: Segundas oportunidades são raras, devem ser aproveitadas

by Rafaela Teixeira

Un homme pressé, ou Segunda Vida na tradução portuguesa, de Hervé Mimran, trata-se de uma comédia dramática francesa que de forma leve e emocionante dá conta da brevidade da vida. Deixa-nos também a mensagem de que não é tarde para corrigir os nossos erros e valorizar o que verdadeiramente importa.

Conta a história de Alain Wapler (Fabrice Luchini), um homem dedicado e obcecado com a sua carreira no ramo dos automóveis topo de gama. O trabalho ocupa toda a sua vida, ao ponto de prejudicar a relação (que não tem) com a sua filha (Leïla Bekhti) – cada tentativa de atenção, nem que seja para uma breve conversa, é interrompida com uma chamada da empresa do pai.

A situação muda-se quando Wapler tem um AVC e vê-se obrigado a parar de trabalhar para recuperar. É aí que este percebe que a vida pode e deve ser mais do que o trabalho. É nesse momento que percebe o quão errado tem vivido até aí –  ao ponto de nunca ter estado presente para a família… ele próprio chega a afirmar não conhecer a adolescente que tem em casa.

Além desta narrativa principal, temos a história de Jeanne, a responsável por cuidar gradualmente Wapler – até que todas as suas capacidades, nomeadamente de memória e fala estejam restauradas.

A personagem de Jeanne tem o seu próprio desenvolvimento no filme – procura a mãe que a abandonou à nascença. Porém esta narrativa após concluída não é algo que marca o espectador. O mesmo acontece com um pequeno romance que tentaram criar com a mesma.

Segunda Vida é eficaz nos momentos de comédia durante algum tempo. Começa a perder o efeito quando a técnica para esse efeito é sempre a mesma – o doente que sofreu um AVC demora para conseguir voltar a falar normalmente.

O forte do filme está de facto no drama. É um filme emocionante, de superação e de reconciliação do próprio com o mundo. O filme dá conta de uma realidade muito marcada na nossa sociedade – pais desligados dos filhos e focados apenas em si e na sua carreira – surgem as questões: de que vale ser bem sucedido se não haverá ninguém com quem celebrar as vitórias? quando a reforma chegar e o aborrecimento surgir, com quem se vai passar o tempo se durante anos não foram formadas relações de proximidade com a família?

Segunda Vida leva-nos a diversas reflexões e dá-nos resposta. Segundas oportunidades são raras. O foco da nossa vida deve estar em nós, mas igualmente nos outros, sobretudo naqueles que verdadeiramente tem importância na nossa vida. É importante valorizar o que amamos. O trabalho é importante, mas não é tudo. Não pode ser uma forma de escapar para sempre, pois além disso existe mais vida.

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