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Random Takes: Qual é o filme mais overlooked de 2019?

by João Borrega

Por ano, estreiam milhares e milhares de filmes por todo o Mundo. De vários géneros, nacionalidades e durações. Uns mais independentes, outros mais mainstream. Uns mais sofisticados e outros mais fast food para os olhos. 

Em 2019 tivemos grandes surpresas no grande ecrã (e até mesmo na comodidade das nossas casa). O regresso de Scorcese ao género de gangsters com “The Irishman”, o filme mais rentável de sempre com “Avengers: Endgame”, uma carta de amor a Hollywood por Tarantino e até, provavelmente, um dos melhores filmes da década passada com “Parasite”

De todas as maneiras e feitios, de certeza que 2019 ofereceu vários filmes ideais para si. 

Porém, haverá um filme que tivesse merecido mais atenção do que aquela que teve? Qual é o filme mais overlooked de 2019?

Antes de avançarmos mais, temos de definir bem qual o significado português da expressão overlooked. Pois bem, com a ajuda do dicionário online Linguee conseguimos depreender que: 

Overlooked: adjectivo/ particípio passado

  • Negligenciado; Esquecido; Despercebido; Menosprezado.

Então, traduzido para bom português: 

Qual é o filme mais negligenciado de 2019?

Para este que vos escreve, o filme mais negligenciado de 2019 é, nada mais nada menos, que Luce. Nunca ouviram falar? Mais me ajudam nesta argumentação. Mas deixem que vos explique.

“Luce” é realizado por Julius Onah, neste que é o terceiro filme realizado pelo realizador nigeriano. No seu elenco conta com nomes como Naomi Watts, Tim Roth, Octavia Spencer e Kelvin Harrison Jr. no papel do protagonista da película. 

Este drama conta-nos a história de um casal que adoptou um rapaz vindo de Eritreia, um país africano que estava em guerra. Anos mais tarde, o seu filho tornou-se um modelo a seguir no seu secundário, um aluno que todos consideravam como “perfeito”. Porém, esta imagem começa a ser desmascarada com o contributo de uma professora que considera que existem que algo mais para além daquela façada. 

“Luce” debate temas como inclusão social e desequilíbrio no que toca a etnias. Acima de tudo, o filme debate o confronto entre estereótipos e expectativas. Debate temas bastante profundos, coloca questões e impõe reflexões ao espectador de uma forma subtil mas impactante.

Não escolhe lados. Não existem vilões nesta história. A história é povoada por personagens tridimensionais, cada uma com as suas próprias ideias e opiniões – opiniões estas que o espectador consegue compreender e apoiar.

“Luce” é pertinente, é importante, é actual e intemporal ao mesmo tempo. Porém, quase ninguém fala ou viu este filme. Em todo o Mundo, este apenas rendeu 2.268 milhões de dólares em bilheteira. Para comparação, “Avengers: Endgame” rendeu 357 milhões no seu primeiro fim-de-semana só na América.

E, mais interessante ainda, “Luce” nem chegou a estrear no mercado português. Tinha data marcada para Agosto de 2019, mas nunca chegou a chegar aos cinemas para o público português poder assistir. 

Com isto, não estou a dizer que “Luce” seja o melhor filme de 2019. Nada disso. 

Porém, defendo a ideia de que “Luce” apresenta ideias importantes, debates relevantes para hoje em dia, com interpretações excelentes pela parte do seu elenco e uma realização surpreendente por parte de Julius Onah

É, de facto, um filme que poderá “falar” para muitos, inspirar conversas à mesa e fazer-nos compreender lados que ainda não tenhamos ponderado. “Luce” é o filme mais negligenciado de 2019. E não devia ter sido, porque debate temas que merecem a atenção de todos nós de uma forma competente e elucidativa. 

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