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Paradise Hills: Este “paraíso” não é um mar de rosas

by The Golden Take

A primeira longa-metragem de Alice Waddington como realizadora e argumentista, “Raparigas Rebeldes de Paradise Hills” (Paradise Hills) estreia esta semana nos cinemas! Embora não se tenha destacado no argumento, fê-lo com os seus cenários e figurinos.

Uma (Emma Roberts) acorda num lugar a que chamam de “Paraíso” (Paradise Hills), numa ilha isolada, para onde os “uppers“, uma das classes do filme, enviam as suas filhas para que se tornem menos “revoltadas”, com mais etiqueta, transformando-se assim nas versões perfeitas de si mesmas.

No caso de Uma, a intenção é que ela aceite o casamento com Son, um upper, e é interessante o filme começar exatamente com essa cerimónia, porque nos deixa logo desde o início do mesmo a pensar no que poderá ser o final e se o que estamos a ver faz sentido com a história que nos vai ser contada.

Neste lugar, cria laços com Amarna (Eiza Gonzalez), uma cantora que tenta ajudá-las nas suas inúmeras tentativas de fuga, e com as suas colegas de quarto Yu (Awkafina) e Chloe (Danielle McDonald). É a amizade entre elas que ajuda Uma a tolerar durante algum tempo todos os “tratamentos” a que são expostas porque nem tudo é o que aparenta ne

Mas pelo menos o que aparenta é bonito à primeira vista. O local é rodeado de flores e árvores de todas as cores mas também de rosas com espinhos, que é uma das grandes metáforas e referências deste filme.

É um lugar que usa e abusa dos tons pastel, o que se nota logo na transformação de Uma, o que acaba por transmitir paz e serenidade, que é o comportamento que vemos todas as raparigas de lá a ter, excepto Uma, embora seja assim que é esperado que ela reaja ao fim de dois meses naquele sitio.

Fotografia: PRIS Audiovisuais

No que toca às representações, Emma Roberts já fez papéis assim mas não obstante, ela passa-nos aquilo que é essencial num filme: uma rapariga revoltada com o que lhe fizeram e em sofrimento pela única pessoa que amava e que já não tem perto dela: o seu pai. Ela entrega-nos esse papel em que tem o lado mais irreverente, mas também um que começa a entrar no jogo por causa das amigas, embora esteja sempre a pensar em sair. No final do filme, a representação perde-se um pouco.

Eiza González não se destaca tanto como se calhar se destacou em Baby Driver, mesmo num papel mais secundário como teve, Danielle MacDonald está bem para o papel que tem e temos Awkafina aqui num registo mais sério que até lhe assenta bem, de certa forma, mas não neste papel específico.

Milla Jovovich não surpreendeu em Hellboy muito devido ao argumento e aqui, representando a vilã mais uma vez, senti exatamente o mesmo. Ela até podia ser bastante intensa mas o argumento não ajuda nada a que ela se destaque, porque o papel dela não é nem complexo nem interessante. Perde-se no meio daquele lugar tirado de um “Alice no País das Maravilhas”.

Falando no argumento, posso dizer que ele é interessante mas até um certo ponto. Ou seja, quando tudo é um mistério e estamos a tentar perceber as verdadeiras intenções daquele sitio que parece bom demais para ser verdade, ficamos agarrados. No final, o twist é quanto baste previsível mas deixa-nos na mesma a querer ver mais. Mas no geral, ou seja, as respostas não satisfazem totalmente a nossa curiosidade. Já para não falar que a penúltima cena, com a vilã, não está bem concretizada.

É pena que toda a construção mais semi futurística, a distopia que o filme tenta passar e o grande fio condutor que podia ter, ou seja, ter algo que nos agarrasse o tempo todo e que nos surpreendesse no fim, se tenha perdido.

Fotografia: PRIS Audiovisuais

Em suma, “As Raparigas Rebeldes de Paradise Hills” é um filme sci-fi que até se vê bem mas que falha em contar a história de uma forma mais entusiasmante e que abra espaço para a reflexão. Apesar disso, todos os cenários e figurinos acabam por compensar muito, fazendo-nos esquecer, ao longo do mesmo, que alguns pormenores estão a ficar para trás.

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1 comment

Frederico Daniel Janeiro 8, 2020 - 5:04 pm

Raparigas Rebeldes de Paradise Hills: 4*

Uma das agradáveis surpresas de 2019, é mesmo muito bom.

Cumprimentos, Frederico Daniel.

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