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Para sempre, Amália!

by João Pedro

Durante este mês de Julho de 2020, celebra-se o centenário de Amália Rodrigues. Imortalizada na cultura portuguesa, Amália deixou um legado cravado no Fado, e também deixou recordações no cinema. São alguns desses trabalhos que me proponho a recordar hoje.

  • “Capas Negras” (1947)

Este filme conta a história de amor entre José Duarte (Alberto Ribeiro), um estudante de Direito da Universidade de Coimbra, e Maria de Lisboa (Amália Rodrigues), uma rapariga pobre, mas honesta e apaixonada.

Coimbra é a cidade onde Portugal tem a sua universidade mais antiga (uma das mais antigas do mundo) e, portanto, está cheia de tradições ligadas aos estudantes.

“Capas Negras” procura retratar alguns destes costumes, como o evento que os alunos fazem no final do ano letivo (chamado “Queima das Fitas”), ou os trajes pretos tradicionais, que são um dos principais símbolos da vida universitária.

Portanto, e embora o enredo seja interessante, este filme é especialmente apreciado por estudantes ou antigos alunos que viviam as tradições académicas portuguesas, ou pelos que apreciam as Canções de Coimbra.

Foi o primeiro filme em que Amália participou, todavia, não seria uma participação tão conseguida como a que teve no filme seguinte, isto é, ““Fado, História d’uma Cantadeira”.

  • “Fado, História d’uma Cantadeira” (1947)

Para quem nunca ouviu Amália, “Fado, História d’uma Cantadeira” pode surgir como uma boa apresentação da cantora de renome internacional.

O filme é vagamente inspirado na vida de Amália, de trapos a riquezas, e ao mesmo tempo a nostalgia e melancolia de parte da sua vida, embora não seja uma obra biográfica. Amália não era apenas cantora, mas também uma atriz consumada, que ganhou dois prémios de melhor atriz em Portugal, e que recusou convites para trabalhar em França e Hollywood.

Nesta longa-metragem de Perdigão Queiroga, ela é a peça central da ação, com a sua naturalidade direta, paixão e a cantar várias canções portuguesas (fados) ou espanholas.

 É, acima de tudo, uma oportunidade de ver Amália quando, aos 27 anos, já era uma figura aclamada em Portugal, não obstante estivesse nos estágios iniciais da carreira, que durou cinquenta e cinco anos, com passagens por França, Espanha, Japão, entre muitos outros países.

  • “Amália – O Filme” (2008)

Amália faleceu em 1999. Alguns anos depois, em 2008, Carlos Coelho da Silva realizou um filme sobre a fadista.

A maneira como o filme adiciona significado a muitas das músicas de Amália, enquanto o público é convidado a descobrir a forma como as letras foram criadas, é preponderante. Amália empregava um sentimento incrível às músicas. Ela cantava o que vivia, e isso é patente e representado nesta obra.

Entrego também destaque a Sandra Barata, que aqui retrata Amália. A atriz tem uma performance de se tirar o chapéu. Amália é inimitável, mas Barata consegue captar a sua essência de uma forma sublime.

Outro grande desempenho é o de António Pedro Cerdeira, na pele de Ricardo Espirito Santo, o famoso banqueiro da década de 1950.

“Amália – O Filme” pode dar mais primazia à vida pessoal de Amália, do que propriamente à carreira. E não considero essa abordagem negativa. É fácil esmiuçar a carreira da fadista, mas não é assim tão acessível descobrir o que teve de enfrentar durante a juventude, e como podia conciliar a carreira com a vontade de ser uma pessoa comum.

A banda sonora ficou a cargo da Orquestra Sinfónica de Budapeste, que fez um excelente trabalho.

 Para sempre, Amália!

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