“Ozark”, uma das apostas fortes da Netflix nos últimos anos, é uma série criada por Bill Dubuque e Mark Williams. É protagonizada por Jason Bateman, Laura Linney, Sofia Hublitz, Skylar Gaertner, Julia Garner, Jason Butler Harner e Esai Morales. Recentemente, foi renovada para a quarta, e última, temporada.
No começo, estava um pouco reticente quanto a “Ozark”, porque não tinha a certeza se Jason Bateman seria uma boa escolha para uma série cujo tom é sério e sombrio. O ator é maioritariamente conhecido por papéis de comédia e, embora tenha feito um bom trabalho em “The Gift”, eu não tinha grandes expetativas para este novo projeto.
Porém, tive de dar o braço a torcer. Jason Bateman fez um excelente trabalho, e fez inclusive com que eu deixasse de alimentar o certo preconceito que tinha sobre o que ele podia fazer para lá da comédia.
O que foi ainda mais impressionante em relação a Bateman, é que, para além de protagonizar a série, ele também realizou quatro dos dez episódios da primeira temporada (episódio 1 “Sugarwood”, o episódio 2 “Blue Cat”, o episódio 9 “Coffee Black” e o episódio 10 “The Toll”).
Menciono isto porque, embora ele já tivesse algum currículo em realização (“The Family Fang”), efetuou um trabalho bastante arrojado na primeira temporada, cujo o tom sombrio, que é apresentado no primeiro episódio, mantém-se ao longo do tempo, e que definiu grande parte da experiência do que é ver “Ozark”.
As coisas não começam bem para o personagem principal. Martin tem uma desavença com o chefe e, num último esforço de salvar a família, é forçado a mudar-se para Ozarks, no Missouri. Lá, está longe dos olhares indiscretos dos investigadores. É um sítio calmo, onde pode fazer o seu trabalho de forma tranquila.
No entanto, o que Martin não sabe é que a região de Ozark não é um lugar assim tão agradável e tranquilo. Efetivamente, as pessoas são mais astutas do que na cidade. Ao longo do tempo, a narrativa gera complicações criadas por vários personagens que vivem na região de Ozark, o que mantém as coisas interessantes.
A representação é excelente. Embora eu considere que Jason Bateman foi preponderante, fiquei muito impressionado com Julia Garner, que interpreta Ruth, moradora de Ozark. É muito interessante observar a forma como a personagem vai evoluindo ao longo dos episódios, e como Garner consegue captar a sua essência.
O trabalho de um outro ator que também considerei de excelência, foi o de Esai Morales, que alguns conhecem de “Caprica” (2009). Em Ozark, Morales interpreta Del, um traficante. Nas cenas em que Jason Bateman e Esai Morales contracenam, ambos os atores trabalharam bem “um contra o outro”, para que haja a sensação de tensão entre os dois personagens.
Ao longo da série, conhecemos a história sobre uma família que tenta sobreviver num subúrbio, sendo que o objetivo dos que a rodeiam, é tirar proveito das mais ínfimas situações. Ao mesmo tempo, a família de Martin está a trabalhar para pessoas muito más, que as pressionam num jogo sem fim à vista.
O gancho de “Ozark” incidiu sempre na vontade da família Byrde. Sim, a vontade que têm de brincar com a vida de crime em que se encontram. A vida que Martin aprimorou, e que catapultou para o resto do clã: Wendy (Laura Linney), Charlotte (Sofia Hublitz) e Jonah (Skylar Gaertner). O facto de Martin não conseguir esconder os seus crimes da família, e incluí-los na equação, é o Ás de Espadas da série.
O problema é que, a dada altura, Marty e a esposa, Wendy, não partilham a mesma visão sobre o que é melhor para os negócios e mesmo para a família. Como tal, a série abre portas para o longo conflito entre o casal, e é perentório o interesse na noção de conflito familiar.
Seria um eufemismo declamar que esta série é “intensa”. Williams e Dubuque criaram um drama policial virtuoso. É totalmente impróprio para cardíacos. A ação é brutal e rápida e, às vezes, nem estamos bem preparados para assimilar o que está a acontecer.
As reviravoltas são bem pensadas. Ninguém pede clemência a Deuses imaginários.
De 0 a 10, classifico a primeira temporada em 7. A segunda temporada aumenta a fasquia. E agora, ainda em confinamento, assisti à terceira temporada e, deixem-me clarificar que as apostas estão tão altas, que não consegui parar de ver. Está a acontecer-me o mesmo que sucedeu com “Breaking Bad”. É um 9.
Com lançamento previsto para 2021, a última temporada de “Ozark” será constituída por catorze episódios, mais quatro do que cada uma das três temporadas anteriores. O lançamento vai ser dividido em duas partes.
Por conseguinte, a quarta parte desta aventura vai ser vivida numa experiência mais prolongada, visto que os catorze episódios serão divididos em dois lançamentos de sete.