Onward chegou no mês em que o corona vírus é notícia, o que já começa a afetar cinemas e, consequentemente, bilheteiras. Apesar disso, é uma animação que promete distrair do que se passa no mundo real e que vale a pena ir ver com a família!
Segundo a história, antes havia magia. Mas o mundo começou a funcionar de maneira mais fácil e a magia foi-se evaporando. É com este conceito que somos apresentados aos Lightfoot: Ian (Tom Holland), o mais introvertido da família; Barley (Chris Pratt) que adora magia e é o oposto de Ian; e a sua mãe, que acaba por se provar mais rija do que aparenta.
É então no 16º aniversário de Ian, e após ele não estar a ter as melhores comemorações, que recebe através da mãe uma prenda do seu pai que dá tanto a ele, como a Barley, a oportunidade de o ver mais uma vez, durante 24 horas, mas isto, se eles tiverem magia dentro deles.
Claro que Barley sabe tudo o que é preciso sobre magia e onde encontrar o que precisam para que o feitiço aconteça (de novo) e aí começa a demanda destes dois irmãos, muito ao estilo de Dungeons & Dragons.
Tom Holland e Chris Pratt encaixam muito bem nas suas personagens e na maneira como as fazem interagir ao longo do filme. Estes dois irmãos proporcionam-nos momentos muito divertidos ao longo do filme e algumas aventuras, mas também alguns momentos emocionais e de grande aprendizagem um com o outro.
Na animação, a Pixar raramente desilude e este filme não desmente essa afirmação até porque, mesmo não sendo o filme com mais ou com a melhor animação, percebe-se rápido que há uma história que quer e precisa de ser contada, e não é preciso muita coisa para o fazer, e, como tal, o foco acaba por ficar nas duas personagens.
A ideia de se criar uma demanda, semi vida real, semi jogo, foi bastante interessante. Para quem conhece Dungeons & Dragons, a lógica foi quase a mesma, mas neste filme o que acaba por contar mais é a viagem que se faz e não o que acontece quando se chega a mesma, embora também seja uma meta bastante emocionante. E tudo sobre o mote de que a magia está presente em todos, simplesmente se preferiu não a utilizar por ser difícil de dominar. Se podiam ter explorado um pouco mais? Podiam. Mas também não acho que fosse essa a intenção.
A banda sonora tem um papel fundamental em ligar todas as aventuras, através da Guinevere, a carrinha que Barley reconstruiu e que tem um significado especial para ele, e não é só porque uma das mudanças tem o nome do filme!
O que há de mais especial nestes irmãos é que embora tenham atitudes bem diferentes (Barley gosta de arriscar e Ian gosta de jogar pelo seguro), aprendem coisas ao longo da sua demanda, fazem coisas juntos e acima de tudo, fazem tudo pelo mesmo objetivo: Poder ver o pai deles mais uma vez, cada um pelas suas razões. Mais do que isso, a cumplicidade que eles criam no fim de tudo, mesmo que durante o caminho nem sempre se tenham dado bem, supera tudo.
E isso é o que faz do final algo delicioso de ver (e a puxar pela lágrima) porque traz de tudo um pouco: generosidade, sacrifício, humildade e o amor que se tem pelas pessoas que sempre estiveram lá para nós e por nós. É a prova de que não se deve julgar logo quando uma pessoa é mais pateta e que aparenta não saber o que faz e como não se deve apressar a tirar conclusões erradas. Mais do que isso, ensina-nos o amor de família mas acima de tudo o amor e cumplicidade de irmãos e onde é que isso pode levar alguém.
Resumindo, o filme prima por chamar a atenção do espectador para o lado mais emocional e familiar, conta com muita aventura, zero vilões e consegue ainda proporcionar-nos momentos divertidos e uma boa animação. É, lá está, um filme muito bom para se ir ver com a família, especialmente se tiverem irmãos. Não será inesquecível mas certamente que vai tocar no coração de muitos quando as luzes se apagarem.